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Pediatria4 agosto 2025

Agosto dourado: aleitamento materno exclusivo e obesidade infantil

Estudo mostra que aleitamento materno exclusivo atenua impacto do ganho de peso rápido no risco de obesidade aos 6 anos.

A obesidade na infância e na adolescência é um problema de saúde crescente no mundo todo, com prevalência quadruplicada desde 1990. O risco de obesidade em longo prazo é influenciado por fatores da primeira infância, como o tipo de amamentação infantil e o rápido ganho de peso (RGP). O aleitamento materno exclusivo (AME) parece atuar como fator protetor. Por outro lado, a amamentação com fórmula e o crescimento acelerado na infância estão associados a maiores taxas de obesidade na vida adulta. Um estudo publicado na Pediatric Obesity avalia as associações entre práticas alimentares nos primeiros quatro meses de vida, RGP pós-natal e obesidade aos seis anos em bebês nascidos a termo com peso ao nascer (PN) adequado. O objetivo foi esclarecer os efeitos individuais e combinados desses fatores sobre o risco futuro de obesidade. 

aleitamento

Metodologia 

O estudo consistiu em uma análise longitudinal observacional. Os dados foram coletados em Aragón, Espanha, entre março de 2009 e fevereiro de 2010, do nascimento aos seis anos, com foco nos escores z de peso, altura e índice de massa corporal (IMC). Foram incluídos dados de RN a termo com PN adequado para a idade gestacional (IG). Foram excluídos pacientes com presença de malformações, doenças e deficiências físicas; RN prematuros ou pós-termo (IG < 37 semanas ou > 41 semanas); RN com PN > 4.000 g ou < 2.500 g, e indivíduos sem as variáveis primárias do estudo (tipo de amamentação até 4 meses, ganho de peso no primeiro ano e escore z do IMC aos 6 anos). 

Resultados 

A amostra final resultou em 834 crianças. Destas, 270 (32,4%) receberam AME e 523 (62,7%) não tiveram RGP. A maioria das crianças era do sexo masculino (429 = 51,4%). 

Os bebês que receberam AME apresentaram menores escores z de IMC e prevalência de obesidade aos seis anos e, em comparação aos que foram amamentados com fórmula (p = 0,003 e p = 0,012, respectivamente). Os bebês que mamaram fórmula foram mais propensos a apresentar RGP (39,7% vs. 32,2%; p = 0,036).  

O RGP no primeiro ano de vida mostrou ser um forte preditor de obesidade aos seis anos, com crianças que experimentaram RGP apresentando significativamente maiores escores z de IMC e obesidade (22,5% vs. 9,8%; OR: 2,69; p < 0,001). Além disso, em crianças com RGP, o AME foi associado a um menor risco de obesidade aos seis anos (14,9% vs. 25,4% em bebês amamentados  com fórmula; odds ratio [OR] 1,9; p = 0,046).  

A análise de mediação mostrou que o ganho de peso durante os primeiros seis meses explicou parcialmente a relação entre o tipo de amamentação e o IMC. Dos seis aos 12 meses o tipo de amamentação teve um efeito direto e independente no IMC posterior.  

Conclusão 

As práticas de amamentação infantil e o RGP durante o primeiro ano de vida apresentaram associações significativas com trajetórias de peso e de IMC aos seis anos. Os pesquisadores mostraram que esses fatores parecem estar inter-relacionados, com o RGP nos primeiros seis meses atuando como mediador na relação entre o tipo de amamentação infantil nos primeiros quatro meses e o aumento do IMC aos seis anos. Todavia, considerando o intervalo entre seis e 12 meses de vida, a associação do tipo de amamentação infantil nos primeiros quatro meses com o IMC futuro parece ser direta e independente, sem a intermediação do RGP. Por fim, o estudo concluiu que o AME durante os primeiros quatro meses de vida permite atenuar a associação entre o RGP infantil e o risco de obesidade na vida adulta.  

Comentários 

É importante destacar o papel do pediatra e profissionais de saúde na promoção do AME até os seis meses de vida e complementado até os dois anos ou mais.  

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Referências bibliográficas

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