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Pediatria24 junho 2022

ADS 2022: bundle com medidas não farmacológicas foi associado a diminuição na prevalência de delirium em UTIP

Um estudo teve o objetivo avaliar uma lista de checagem à beira do leito chamada Bundle to Eliminate Delirium (BED). Saiba mais.

Em uma palestra intitulada “Noise Pollution in the PICU”, apresentada no último congresso anual da American Delirium Society (ADS), o pediatra intensivista Yu Kawai (Mayo Clinic College of Medicine and Science, Estados Unidos) citou diversos trabalhos recentes que destacam a relevância do ruído excessivo como fator de risco significativo para o desenvolvimento de delirium em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP). Para ilustrar sua apresentação, o Dr. Kawai mostrou os resultados de um estudo bastante interessante conduzido por ele e sua equipe como parte de uma iniciativa da Society of Critical Care Medicine (SCCM), denominada PICU Liberation QI Collaborative, cujo objetivo foi implementar as melhores práticas para o manejo da dor, prontidão para extubação, sedação, delirium, mobilização precoce e envolvimento da família. Ao implementar uma lista de checagem à beira do leito chamada Bundle to Eliminate Delirium (BED), os pesquisadores levantaram a hipótese de que a cultura da unidade relacionada ao delirium e o desfecho do paciente apresentariam melhora. O resumo desse estudo foi publicado em suplemento do jornal Critical Care Medicine.

delirium

Metodologia

O BED foi implantado em março de 2017 na Mayo Clinic e foi utilizado pela enfermagem uma vez por plantão. Uma escala Likert de dez pontos foi distribuída um mês antes e dois meses após a implementação do BED para 95 enfermeiros da UTIP. A pesquisa avaliou a frequência e a confiança na realização de cuidados relacionados ao delirium. O desfecho dos pacientes foi definido pela prevalência de um resultado positivo ao se aplicar a ferramenta Pediatric Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit (pCAM-ICU). Os dados das primeiras doze semanas após a implantação do BED foram comparados com os dados das mesmas doze semanas em 2014, 2015 e 2016. Os dados da pesquisa (mediana pré-BED vs pós-BED) e as taxas de prevalência foram comparadas pelo teste U de Mann-Whitney. 

Os questionários pré e pós-BED foram preenchidos por 73 e 71 enfermeiros, respectivamente. Todas as comparações estatísticas relacionadas à pesquisa tiveram p < 0,01. A confiança da enfermagem melhorou após o BED no reconhecimento do delirium (6 versus 7), avaliação (7 versus 9), discussão durante as rodadas clínicas (7 versus 9), manejo/prevenção (7 versus 9) e educação familiar (6 versus 8). A frequência da discussão relacionada ao delirium aumentou durante as rodadas pós-BED: resultado do pCAM (5 versus 8), meta diária do nível de sedação (6 versus 8) e plano de manejo/prevenção do delirium (5 versus 8). As enfermeiras também sentiram que desmamaram os sedativos (7 versus 8), normalizaram o ciclo dia/noite (6 versus 8), mobilizaram (6 versus 8) e reorientaram os pacientes (7 versus 8), além de envolveram a família nos cuidados diários (8 versus 8). 9) com mais frequência pós-BED. 

A taxa de positividade do pCAM-ICU pós-BED foi de 0,4% (3/815), significativamente menor do que nos três anos anteriores: 1,5% em 2016 (p = 0,03), 1,6% em 2015 (p = 0,04) e 1,6% em 2014 (p = 0,03).

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Conclusão

Kawai e colaboradores concluíram que, ao implementar um bundle de delirium, os enfermeiros da UTIP realizaram com mais confiança e mais frequência os cuidados relacionados ao delirium, inclusive, a implantação do bundle foi associada à diminuição da prevalência de delirium em comparação com os três anos anteriores ao estudo.

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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Referências bibliográficas

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