AAP atualiza recomendações sobre a avaliação auditiva em crianças e adolescentes
Recentemente, a Academia Americana de Pediatria (AAP) atualizou suas recomendações acerca da avaliação da audição em crianças.
Nos Estados Unidos, aproximadamente entre uma e três a cada mil crianças nascem com limiares auditivos atípicos. Esses pacientes são reconhecidos como surdos ou com deficiência auditiva (S/DA) em decorrência da triagem auditiva neonatal e posterior avaliação audiológica. Outras uma e três a cada mil crianças tornar-se-ão S/DA mais tarde na infância. Essas alterações nos limiares auditivos podem ser atribuídas a condições congênitas ou genéticas que se manifestam com uma alteração tardia na audição ou com uma variedade de causas adquiridas.
Recentemente, a Academia Americana de Pediatria (AAP) atualizou suas recomendações acerca da avaliação da audição em crianças além do período neonatal. A publicação vigente substitui o relatório clínico divulgado previamente em 2009 intitulado “Avaliação auditiva em bebês e crianças: recomendações além da triagem neonatal”. As alterações incluem informações atualizadas sobre avaliação de risco e fornece orientação aos prestadores de cuidados primários pediátricos sobre a avaliação e cuidados de crianças S/DA (desde bebês até a adolescência).
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Recomendações
Recomendação 1: Todas as crianças devem ser submetidas a uma avaliação de risco para alterações nos limiares auditivos, utilizando fatores de risco objetivos e baseados em evidências para alterações auditivas de início tardio. Independentemente de fatores de risco, todas as crianças devem ter a sua audição avaliada de acordo com as atuais recomendações da Bright Futures/AAP para Cuidados Preventivos de Saúde Pediátrica – Quadros 1 e 2.
Quadro 1: Classificação dos fatores de risco perinatais e recomendações de acompanhamento e monitoramento
Acompanhamento recomendado | Classificação dos fatores de risco perinatais | Frequência de monitoramento |
Aos 9 meses | História familiar de perda auditiva permanente na infância, precoce, progressiva ou de início tardio | Com base na etiologia da perda auditiva familiar e na preocupação do cuidador |
Internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal > 5 dias |
De acordo com preocupações de vigilância contínua das habilidades auditivas e marcos da fala | |
Hiper bilirrubinemia com exsanguinotransfusão, independentemente do tempo de internação | ||
Administração de aminoglicosídeos > 5 dias | ||
Asfixia ou encefalopatia hipóxico-isquêmica | ||
Infecções intra uterinas, como herpes, rubéola, sífilis e toxoplasmose | De acordo com preocupações de vigilância contínua | |
Certas condições congênitas:
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De acordo com preocupações de vigilância contínua das habilidades auditivas e marcos da fala | |
>400 síndromes identificadas com limiares auditivos atípicos. | De acordo com a história natural da síndrome ou preocupações | |
O mais tardar 3 meses após a ocorrência | Oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) | A cada 12 meses – idade escolar ou em intervalos mais curtos com base nas preocupações dos pais ou responsáveis |
Infecção intra-uterina por citomegalovírus (CMV) | A cada 12 meses – 3 anos ou em intervalos mais curtos com base nas preocupações dos pais/provedores de saúde | |
Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE ou BERA) em 1 mês |
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Fonte: Adaptado de Bower et al., 2023
Quadro 2: Classificação dos fatores de risco perinatais ou pós-natais e recomendações de acompanhamento e monitoramento
Acompanhamento recomendado | Classificação dos fatores de risco perinatais ou pós-natais | Frequência de monitoramento |
O mais tardar 3 meses após a ocorrência
| Infecções com cultura positiva associadas à perda auditiva neurossensorial, incluindo meningite ou encefalite bacteriana e viral confirmada (especialmente vírus do herpes e varicela) | A partir dos 12 meses de idade escolar ou em intervalos mais curtos com base nas preocupações dos pais ou do provedor |
Eventos associados à perda auditiva:
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De acordo com descobertas ou preocupações | |
Cuidador preocupado com audição, fala, linguagem, atraso no desenvolvimento e/ou regressão no desenvolvimento |
Encaminhamento imediato |
De acordo com descobertas ou preocupações |
Fonte: Adaptado de Bower et al., 2023
Recomendação 2: Crianças de todas as idades devem passar por uma triagem auditiva objetiva imediata se houver preocupação clínica ou preocupação do cuidador quanto a alterações auditivas permanentes ou contínuas – Quadro 3.
Quadro 3: Métodos de triagem auditiva
Tipo | Idade | Método |
Triagem do ouvido médio | Todas as idades | Timpanometria |
Triagem do ouvido interno
| Do nascimento aos 6 meses | Resposta auditiva cerebral automática (AABR) |
Todas as idades | Emissões otoacústicas (EOA) | |
4 anos ou mais | Audiometria tonal pura |
Fonte: Adaptado de Bower et al., 2023
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Recomendação 3: Uma criança com teste positivo para limiares auditivos atípicos, em uma ou ambas as orelhas, deve ser encaminhada a um fonoaudiólogo para consulta diagnóstica e testes.
Recomendação 4: A audiometria comportamental pode ser impossível ou imprecisa para algumas crianças com problemas de saúde de desenvolvimento e/ou comportamentais. Nessa situação, o encaminhamento à audiologia para realização de exame eletrofisiológico auditivo por meio do PEATE com sedação pode ser mais adequado.
Recomendação 5: Os resultados da triagem auditiva neonatal e infantil devem ser revisados com as famílias e documentados para facilitar o rastreamento e o acompanhamento.
Recomendação 6: Para evitar resultados falso-negativos e para evitar atrasos na identificação, no acesso ao idioma e no apoio, os testes de triagem não devem ser repetidos mais de uma vez antes do encaminhamento ao audiólogo para consulta e testes adicionais.
Recomendação 7: Se a avaliação audiológica abrangente identificar a criança como S/DA, discutir a importância de apoiar a comunicação, o desenvolvimento da linguagem e as necessidades socioemocionais da criança nos ambientes familiar e escolar. Encaminhar para intervenção precoce especializada para crianças com S/DA. Outros encaminhamentos (audiologia, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, oftalmologia, genética, desenvolvimento, etc.) também podem ser apropriados.
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