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Pediatria28 setembro 2024

AAP 2O24: Atualização em anafilaxia - Nova via de administração de epinefrina

Entre as atualizações no manejo da anafilaxia, está a aprovação da epinefrina intranasal agora feita pelo Federal Drug Administration (FDA). 
Por Jôbert Neves

Durante o encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP 2024), que acontece em Orlando, uma das aulas mais esperadas foi a de atualização no manejo do paciente pediátrico com anafilaxia. A anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica e aguda que apresenta risco de vida, sendo o tratamento adequado fundamental. Ela é classificada como uma reação hipersensível tipo I, mediada por imunoglobulina E (IgE). A prevalência da anafilaxia varia globalmente, mas estimativas indicam que afeta aproximadamente 0,05% a 2% da população geral. 

Nos Estados Unidos, alguns estudos sugerem que a prevalência de anafilaxia parece estar aumentando, e relatórios indicam que, a cada ano, ocorrem entre 30.000 e 50.000 visitas ao pronto-socorro devido a essa condição.  

anafilaxia

Relembre os critérios para diagnóstico da anafilaxia

A anafilaxia é altamente provável quando qualquer um dos três critérios é cumprido:

  • Início Agudo (os sintomas se desenvolvem rapidamente, dentro de minutos a horas); 
  • Envolvimento de dois ou mais sistemas corporais (pele, respiratório, cardiovascular, gastrointestinal, neurológico); 
  • Pressão arterial reduzida após exposição a alérgeno conhecido para aquele paciente. 

Manifestações clínicas da anafilaxia: Pensar além da pele  

  • Sintomas Cutâneos:
    Ocorrência: 80-90% dos casos;
    Sintomas: Urticária, angioedema, prurido, rubor, erupção cutânea. 
  • Sintomas Respiratórios:
    Ocorrência: Até 70%;
    Vias Aéreas Superiores: Rinite , estridor, rouquidão, espirros;
    Vias Aéreas Inferiores: Tosse, sibilo, dispneia, cianose. 
  • Sintomas Cardiovasculares:
    Ocorrência: Até 45%;
    Sintomas: Vasodilatação, taquicardia, arritmia, hipotensão, choque. 
  • Sintomas Gastrointestinais:
    Ocorrência: Até 45%;
    Sintomas: edema dos lábios/língua, coceira palatal, náusea, vômito, cólicas abdominais, diarreia. 
  • Sintomas Neurológicos:
    Ocorrência: Até 15%;
    Sintomas: Ansiedade, cefaleia, convulsão, alteração de consciência. 

Epinefrina como tratamento de primeira linha para anafilaxia
Dosagem e Administração

  • Injeção Intramuscular (IM)

Para adultos e crianças, a dose recomendada é 0,01 mg/kg da solução 1:1000.
As doses máximas são:
Crianças: 0,3 mg
Adultos: 0,5 mg 

Atenção: A epinefrina pode ser administrada a cada 5 a 15 minutos se não houver melhora significativa nos sintomas. 

  • Administração Intravenosa (IV)

Em casos onde o acesso IV está disponível e a situação é crítica, a epinefrina pode ser administrada em uma diluição 1:10.000. Isso é tipicamente reservado para casos de anafilaxia severa ou refratária. 

  • Via de Administração

A via preferida é IM, geralmente administrada na parte anterior e lateral da coxa (vasto lateral) para uma absorção e efetividade mais rápidas. 

O que atualizou no manejo da anafilaxia?  

 ​​Epinefrina intranasal agora aprovada pelo FDA 

  • Indicação: pacientes adultos e pediátricos que pesem pelo menos 30 kg.
  • A aprovação é baseada em quatro estudos com 175 adultos saudáveis, sem anafilaxia.
  • Os estudos mostraram concentrações sanguíneas de epinefrina (PK) comparáveis e aumentos similares na pressão arterial e na frequência cardíaca. 
  • Como utilizar? 
    É um spray nasal de dose única (2mg), administrado em uma das narinas. Assim como com produtos de injeção de epinefrina, uma segunda dose pode ser administrada se não houver melhora nos sintomas ou se os sintomas piorarem. 

E as terapias adjuvantes?

  • Anti Histamínicos são considerados como segunda linha.
  • Corticosteroides NÃO têm papel na anafilaxia aguda da anafilaxia.
  • Pacientes com resolução completa dos sintomas com epinefrina não precisam ser prescritos com anti histamínicos ou corticosteroides após. 

Considerações da AAP para o manejo domiciliar da anafilaxia: 

  • Sem histórico de anafilaxia severa;
  • Acesso imediato a pelo menos 2 auto injetores de epinefrina;
  • Ajuda disponível e plano para manejo alergia/anafilaxia acessível; 
  • Compreensão dos sinais e sintomas que indicam a necessidade de epinefrina;
  • Conhecimento sobre o uso do auto injetor de epinefrina;
  • Boa adesão às recomendações anteriores;
  • Conforto com o plano de manejo em casa. 

Mudanças que você pode considerar implementar na prática:  

  • O papel do pediatra é sempre ensinar as famílias a identificar os sinais e sintomas da anafilaxia em todas as faixas etárias; 
  • Tranquilizar as famílias de que a epinefrina é uma medicação segura para administrar em reações alérgicas severas.  
  • O pediatra deve fornecer um plano de emergência para alergias e anafilaxia quando os dispositivos de epinefrina, em locais disponíveis, forem prescritos.  
  • Garantir que todas as famílias forneçam documentações médicas atualizadas e medicamentos para creches e escolas, para manejo de eventuais reações anafiláticas.  
  • Apesar das novas atualizações da AAP, no Brasil seguimos com a opção IM como a mais recomendada.
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