A pediatria vive uma era de transformação impulsionada por avanços tecnológicos e imunológicos que prometem redefinir a prevenção de doenças infecciosas. Na conferência da American Academy of Pediatrics (AAP) 2025, realizada em Denver, o Dr. Buddy Creech apresentou uma aula sobre novas vacinas e tecnologias emergentes, com foco especial em adjuvantes e vacinas vivas atenuadas.
A aula começou com uma revisão da resposta imunológica básica à vacinação, destacando o papel essencial dos adjuvantes, substâncias que potencializam a resposta imune. Embora muitas vezes culpados por eventos adversos, adjuvantes como Alum, emulsões óleo:água e agonistas de TLR são fundamentais para direcionar a resposta imune, seja para um perfil Th1 ou Th2, dependendo da formulação.
Já as vacinas vivas atenuadas, por sua vez, ganham destaque por sua capacidade de induzir respostas mucosas robustas e por serem percebidas como mais “naturais” pelos pacientes, o que pode reduzir a recusa vacinal.
Durante a aula ele trouxe uma visão do pipeline de vacinas em desenvolvimento, incluindo novas formulações para pneumococo (PCV21-alt, PCV24, PCV31), CMV, VSR, norovírus e até vírus do Nilo Ocidental. A diversidade de vias de administração, como intranasal, oral, intramuscular, reforça a tendência de personalização da imunização pediátrica. De forma mais ampliada, destacam-se as seguintes, veja:
Pneumococo: expansão de cobertura
Novas formulações como PCV21-alt, PCV24 e PCV31 estão sendo desenvolvidas para incluir mais sorotipos de Streptococcus pneumoniae, especialmente aqueles que têm emergido após a introdução das vacinas atuais. Isso representa um avanço importante na prevenção de otites, pneumonias e meningites.
Coqueluche: vacina intranasal viva atenuada
A vacina BPZE1, administrada por via intranasal, utiliza cepas vivas atenuadas com modificações genéticas que inativam toxinas específicas da bactéria. Essa abordagem visa induzir uma resposta imune mucosal mais eficaz e duradoura, além de potencialmente reduzir a transmissão.
Vírus respiratórios: VSR e Metapneumovírus
Vacinas contra o vírus sincicial respiratório (RSV) e o metapneumovírus humano estão em desenvolvimento com foco em proteção precoce, especialmente em lactentes e crianças pequenas, grupos de maior risco para complicações respiratórias graves.
Citomegalovírus (CMV)
A vacina contra CMV tem como objetivo prevenir infecções congênitas, que podem causar sequelas neurológicas e auditivas em recém-nascidos. Essa vacina pode ser especialmente relevante para adolescentes e mulheres em idade fértil.
Conclusão
Dr. Creech reforça que estamos diante de uma nova geração de vacinas que não apenas ampliam o espectro de proteção, mas também desafiam paradigmas antigos da imunização. Para o pediatra geral, isso significa:
- Entender o papel dos adjuvantes e como eles influenciam a resposta imune pode ajudar na explicação para os pais sobre segurança e eficácia vacinal;
- Valorizar vacinas vivas atenuadas como ferramentas poderosas para induzir imunidade local e sistêmica;
- Acompanhar o pipeline de vacinas é essencial para estar preparado para incorporar novas opções ao calendário vacinal assim que forem aprovadas.
Mensagem prática
A imunização pediátrica está se tornando mais sofisticada, mas também mais personalizada. O pediatra geral deve se manter atualizado sobre os avanços em adjuvantes e vacinas vivas atenuadas, pois essas tecnologias não apenas oferecem maior proteção, mas também podem melhorar a aceitação vacinal entre famílias. Em um cenário de hesitação vacinal crescente, conhecimento técnico aliado à comunicação empática será a chave para garantir uma cobertura vacinal eficaz e segura.
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