O Congresso Nacional da American Academy of Pediatrics (AAP 2025), realizado em Denver, é um dos maiores e mais influentes encontros da pediatria mundial. Em sua edição de 2025, um dos destaques foi a aula da Dra. Karrie Villavicencio, do Children’s Hospital Colorado, sobre síncope em crianças e adolescentes, um tema recorrente na prática clínica pediátrica, mas que exige atenção redobrada para não negligenciar causas potencialmente fatais.
Entendendo a síncope: Muito além do “Desmaio”
Síncope é definida como uma perda abrupta de consciência e tônus postural, com recuperação espontânea, geralmente causada por hipoperfusão cerebral transitória. Embora a maioria dos casos seja benigna, como a síncope vasovagal, o desafio está em identificar os casos que escondem cardiopatias graves, canalopatias genéticas ou anomalias coronarianas.
A plenária reforçou que a história clínica é a ferramenta mais poderosa no diagnóstico diferencial. Saber o que o paciente estava fazendo no momento da síncope, se houve pródromos (tontura, visão turva, náusea), se o episódio foi testemunhado, e principalmente, se há história familiar de morte súbita, arritmias ou cardiomiopatias, pode mudar completamente a condução do caso.
Sinais de alarme que não podem ser ignorados
A síncope durante esforço físico é sempre preocupante. Outros sinais de alerta incluem:
- Ausência de pródromos
- Palpitações ou dor torácica antes do evento
- Atividade convulsiva associada
- Idade muito jovem
- História familiar de morte súbita ou uso de desfibrilador implantável
Em situações como essa, devemos ecanminhar imediatamente ao cardiologista pediátrico.
Diagnóstico e manejo: O que o pediatra geral precisa saber?
O ECG (eletrocardiograma) é uma ferramenta de triagem essencial, mas deve ser interpretado com cautela. A aula destacou a importância de calcular o intervalor QT manualmente, pois a interpretação automática pode ser falha. Além disso, o ECG pode revelar sinais de síndromes como Brugada, Sindrome de Wolff-Parkinson-White, QT longo, taquicardia ventricular ou cardiomiopatia hipertrófica.
Nos casos de síncope vasovagal, o manejo é simples, mas exige orientação clara segundo a APP:
- Hidratação adequada;
- Dieta rica em sódio (“pop and potato chip diet”);
- Evitar longos períodos em pé;
- Treinamento ortostático;
- Reconhecimento precoce dos pródromos.
Conclusão prática: O que levar para o consultório
A aula da Dra. Villavicencio foi um verdadeiro guia prático para o pediatra geral. A mensagem central é clara: a maioria das síncopes é benigna, mas ignorar os sinais de alerta pode custar vidas. O pediatra deve estar preparado para:
- Investigar detalhadamente cada episódio;
- Realizar ECG com cálculo manual do QT;
- Valorizar a história familiar;
- Encaminhar prontamente casos com sinais de alarme
AAP 2025: Confira os destaques do Congresso da American Academy of Pediatrics
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