As infecções e infestações cutâneas são causas frequentes de consultas pediátricas, muitas vezes confundidas com outras dermatoses e negligenciadas em sua abordagem terapêutica. A aula da Dra. Kimberly Horii no AAP 2025 trouxe uma atualização essencial sobre diagnóstico e tratamento de condições como impetigo, herpes simples, tinea capitis, escabiose e pediculose, com foco em aplicabilidade clínica e recomendações atualizadas da AAP.
Discussão
A apresentação percorreu as principais dermatoses infecciosas e parasitárias da infância, começando pelo impetigo, a infecção bacteriana mais comum da pele em crianças. A forma não bolhosa, predominante, se manifesta com crostas melicéricas e requer antibióticos tópicos como mupirocina ou retapamulina, enquanto a forma bolhosa pode demandar antibióticos sistêmicos, especialmente em casos com suspeita de MRSA.
O estreptococo perianal/perineal foi destacado como uma condição subdiagnosticada, com sintomas como prurido, dor retal e fissuras, respondendo bem a penicilina ou amoxicilina. A recorrência é comum e pode envolver irmãos assintomáticos.
O herpes simples foi abordado com ênfase em sua apresentação típica de vesículas agrupadas dolorosas, recorrência associada a estresse ou febre, e necessidade de tratamento sistêmico em casos mais graves. A AAP recomenda aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir conforme idade e gravidade.
A tinea capitis, infecção fúngica do couro cabeludo, exige tratamento oral, griseofulvina continua sendo o padrão ouro, com doses ajustadas conforme a resistência fúngica. Terbinafina é eficaz para Trichophyton, mas não para Microsporum. Os shampoos antifúngicos são adjuvantes úteis, e o diagnóstico pode ser confirmado por cultura fúngica.
A escabiose foi revisada com destaque para o uso de permetrina 5% como primeira linha, além de opções como ivermectina oral em casos refratários. A importância de tratar contatos e realizar desinfecção ambiental foi reforçada.
Por fim, a aula trouxe uma atualização baseada no Relatório Clínico da AAP de 2022 sobre pediculose. Permetrina 1% e piretrina com butóxido de piperonila continuam como primeira linha e ivermectina oral é reservada para casos resistentes e crianças com mais de 15 kg.
Na prática diária, é fundamental que o pediatra
- Observe padrões clínicos clássicos, como crostas melicéricas no impetigo ou vesículas agrupadas no herpes.
- Solicite culturas bacterianas ou fúngicas quando houver dúvida diagnóstica ou falha terapêutica.
- Escolha o tratamento com base na extensão da lesão, idade da criança e risco de resistência, evitando o uso indiscriminado de antibióticos.
- Eduque os cuidadores sobre medidas de higiene, como evitar compartilhamento de objetos pessoais e realizar desinfecção ambiental em casos de escabiose e pediculose.
- Esteja atualizado com as recomendações das sociedades médicas internacionais e/ou locais, especialmente em relação a dosagens off-label e novas opções terapêuticas.
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