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Pediatria28 setembro 2024

AAP 2024: Aleitamento materno - pontos essenciais para todo o pediatra

Evento abordou fundamentos do aleitamento materno, oferecendo diretrizes práticas para o atendimento a mães/bebês através de casos clínicos.
Por Jôbert Neves

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida, seguida da introdução de alimentos complementares a partir dos seis meses, com a continuidade do aleitamento materno até os 2 anos ou mais. Essa prática tem sido associada a uma série de benefícios, já bem claros para pediatra, como nutrição adequada, atua como imunidade passiva, efeitos promotores do desenvolvimento, com destaque para melhores resultados cognitivos e neuropsicomotor, além dos benefícios para a mãe como redução do risco de câncer de mama e ovário.  

Durante a apresentação da Dra. Pamela Ponce, no encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP 2024), ela falou os fundamentos do aleitamento materno, oferecendo diretrizes práticas para o atendimento a mães e bebês através de casos clínicos. O primeiro caso foi o seguinte: 

“Um bebê de 2 dias amamentado chega ao seu consultório. O bebê está visivelmente ictérico. A mãe disse que ouviu dizer que amamentar pode causar icterícia e pergunta se ela deve mudar para fórmula”. 

Quais pontos-chave os pediatras precisam saber para conduzir cenários como esse?  

 Iniciou-se uma revisão das Diretrizes de Prática Clínica da AAP, reforçando pontos, como:  

  • A amamentação exclusiva está associada à hiperbilirrubinemia, principalmente fisiológica – logo devemos explicar as famílias, ainda na maternidade como proceder e quais as situações em que o sinal de alarme deve ser ligado;  
  • Reconhecer ingestão abaixo do ideal – através da evolução do ganho ponderal do paciente, dia após dia; 
  • Frequência e eficácia da alimentação;  
  • Usar bilirrubina sérica total como teste definitivo para orientar decisões de fototerapia e escalonamento de cuidados, incluindo transfusão de troca – a dosagem da bilirrubina é fundamental para entender o nível sérico, correlacionado com o tempo de vida criança, além de permitir o reconhecimento de condições como a colestase neonatal;  

 Lembre-se: Fatores de risco de neurotoxicidade da hiperbilirrubinemia – Quando preocupar?  

  • Nos pacientes com idade gestacional < 38 semanas;  
  • Dosagem de Albumina < 3,0 g/dL; 
  • Presença de doença hemolítica (incompatibilidade Rh ou ABO, deficiência de G6PD); 
  • Sepse; 
  • Instabilidade clínica nas últimas 24 horas. 

 Como conduzir o paciente do caso acima?  

  • Otimizar a amamentação: frequência de alimentação (> 8 vezes por dia) e eficácia; 
  • Se a fototerapia for necessária, não é um motivo para suplementação com fórmula infantil; 
  • A oferta de água ou água dextrose não deve ser fornecida para prevenir hiperbilirrubinemia ou diminuição das concentrações de bilirrubina; 
  • O benefício da fórmula deve ser ponderado em relação ao risco para a amamentação. 

Por fim, todos os bebês devem ser avaliados visualmente para icterícia pelo menos a cada 12 horas após o parto até a alta.  A dosagem da bilirrubina deve ser o mais rápido possível para bebês com icterícia <24 horas após o nascimento. Lembrando que, indealmente,  a fototerapia deve ser no quarto da mãe e que a interrupção da fototerapia para amamentação não afeta a qualidade da fototerapia 

Aleitamento materno no AAP 

Benefícios a curto prazo para a criança diminui o risco de: 

  • Infecções respiratórias graves; 
  • Diarreia grave; 
  • Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL); 
  • Morte infantil. 

A amamentação oferece benefícios de longo prazo significativos para a saúde infantil, incluindo a redução do risco de asma, eczema nos primeiros dois anos de vida, doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn e colite ulcerativa, além de obesidade e diabetes tipo 1 e 2. Também está associada a uma menor incidência de leucemia infantil. Além do bebê, os tópicos relacionados a importantes benefícios à saúde materna também foram discutidos como a redução do risco de câncer de mama e câncer de ovário. Além disso, as mães que amamentam apresentam uma diminuição da incidência de hipertensão e diabetes tipo 2. Todos esses achados enfatizam a importância da promoção da amamentação como uma estratégia essencial na saúde pública. 

Contraindicações à amamentação nos EUA 

São poucas as contraindicações absolutas: 

  • Forma clássica de galactosemia
  • HVS (herpes vírus simples) com lesões ativas na mama – cessação temporária.    

Mensagens-chave sobre o aleitamento materno: 

  • Aleitamento exclusivo: Recomenda-se aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. 
  • Monitoramento da Icterícia: A amamentação pode causar hiperbilirrubinemia fisiológica; orientações devem ser dadas às famílias. 
  • Importância da fototerapia: A fototerapia não requer a introdução de fórmula; o aleitamento deve ser mantido. 
  • Aspectos a longo prazo: O aleitamento materno reduz riscos de condições crônicas como asma e diabetes. 
  • Contraindicações: Galactosemia clássica e herpes ativo nas mamas são as principais contraindicações à amamentação nos EUA. 
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