AAP 2024: Aleitamento materno - pontos essenciais para todo o pediatra
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida, seguida da introdução de alimentos complementares a partir dos seis meses, com a continuidade do aleitamento materno até os 2 anos ou mais. Essa prática tem sido associada a uma série de benefícios, já bem claros para pediatra, como nutrição adequada, atua como imunidade passiva, efeitos promotores do desenvolvimento, com destaque para melhores resultados cognitivos e neuropsicomotor, além dos benefícios para a mãe como redução do risco de câncer de mama e ovário.
Durante a apresentação da Dra. Pamela Ponce, no encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP 2024), ela falou os fundamentos do aleitamento materno, oferecendo diretrizes práticas para o atendimento a mães e bebês através de casos clínicos. O primeiro caso foi o seguinte:
“Um bebê de 2 dias amamentado chega ao seu consultório. O bebê está visivelmente ictérico. A mãe disse que ouviu dizer que amamentar pode causar icterícia e pergunta se ela deve mudar para fórmula”.
Quais pontos-chave os pediatras precisam saber para conduzir cenários como esse?
Iniciou-se uma revisão das Diretrizes de Prática Clínica da AAP, reforçando pontos, como:
- A amamentação exclusiva está associada à hiperbilirrubinemia, principalmente fisiológica – logo devemos explicar as famílias, ainda na maternidade como proceder e quais as situações em que o sinal de alarme deve ser ligado;
- Reconhecer ingestão abaixo do ideal – através da evolução do ganho ponderal do paciente, dia após dia;
- Frequência e eficácia da alimentação;
- Usar bilirrubina sérica total como teste definitivo para orientar decisões de fototerapia e escalonamento de cuidados, incluindo transfusão de troca – a dosagem da bilirrubina é fundamental para entender o nível sérico, correlacionado com o tempo de vida criança, além de permitir o reconhecimento de condições como a colestase neonatal;
Lembre-se: Fatores de risco de neurotoxicidade da hiperbilirrubinemia – Quando preocupar?
- Nos pacientes com idade gestacional < 38 semanas;
- Dosagem de Albumina < 3,0 g/dL;
- Presença de doença hemolítica (incompatibilidade Rh ou ABO, deficiência de G6PD);
- Sepse;
- Instabilidade clínica nas últimas 24 horas.
Como conduzir o paciente do caso acima?
- Otimizar a amamentação: frequência de alimentação (> 8 vezes por dia) e eficácia;
- Se a fototerapia for necessária, não é um motivo para suplementação com fórmula infantil;
- A oferta de água ou água dextrose não deve ser fornecida para prevenir hiperbilirrubinemia ou diminuição das concentrações de bilirrubina;
- O benefício da fórmula deve ser ponderado em relação ao risco para a amamentação.
Por fim, todos os bebês devem ser avaliados visualmente para icterícia pelo menos a cada 12 horas após o parto até a alta. A dosagem da bilirrubina deve ser o mais rápido possível para bebês com icterícia <24 horas após o nascimento. Lembrando que, indealmente, a fototerapia deve ser no quarto da mãe e que a interrupção da fototerapia para amamentação não afeta a qualidade da fototerapia
Aleitamento materno no AAP
Benefícios a curto prazo para a criança diminui o risco de:
- Infecções respiratórias graves;
- Diarreia grave;
- Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL);
- Morte infantil.
A amamentação oferece benefícios de longo prazo significativos para a saúde infantil, incluindo a redução do risco de asma, eczema nos primeiros dois anos de vida, doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn e colite ulcerativa, além de obesidade e diabetes tipo 1 e 2. Também está associada a uma menor incidência de leucemia infantil. Além do bebê, os tópicos relacionados a importantes benefícios à saúde materna também foram discutidos como a redução do risco de câncer de mama e câncer de ovário. Além disso, as mães que amamentam apresentam uma diminuição da incidência de hipertensão e diabetes tipo 2. Todos esses achados enfatizam a importância da promoção da amamentação como uma estratégia essencial na saúde pública.
Contraindicações à amamentação nos EUA
São poucas as contraindicações absolutas:
- Forma clássica de galactosemia
- HVS (herpes vírus simples) com lesões ativas na mama – cessação temporária.
Mensagens-chave sobre o aleitamento materno:
- Aleitamento exclusivo: Recomenda-se aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida.
- Monitoramento da Icterícia: A amamentação pode causar hiperbilirrubinemia fisiológica; orientações devem ser dadas às famílias.
- Importância da fototerapia: A fototerapia não requer a introdução de fórmula; o aleitamento deve ser mantido.
- Aspectos a longo prazo: O aleitamento materno reduz riscos de condições crônicas como asma e diabetes.
- Contraindicações: Galactosemia clássica e herpes ativo nas mamas são as principais contraindicações à amamentação nos EUA.
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