A braquimetatarsia é uma deformidade congênita rara, predominante no sexo feminino e quarto raio, com bilateralidade > 50% e é caracterizada por encurtamento do metatarso maior ou igual a 5 mm em relação ao arco transverso do pé. Pode estar associada a síndrome de Down, Apert, Turner, osteodistrofia de Albright, anemia falciforme e endocrinopatias.
Além do componente estético, que é a principal queixa em mulheres jovens, pode causar dor à deambulação (metatarsalgia), sendo o tratamento cirúrgico uma alternativa. Este inclui técnicas que utilizam o alongamento agudo com uso de enxerto ósseo interposicional ou alongamento gradual por distração osteogênica, associados ou não a procedimento em falanges adjacentes.
A osteogênese por distração usando fixadores externos é uma técnica amplamente utilizada, principalmente quando alongamento > 1 cm são necessários. O uso da distração gradual inclui o aumento da estabilidade da construção, a possibilidade de alongar os maiores comprimentos, o maior controle do tempo cirúrgico e a ausência de necessidade de enxerto ósseo. Foi publicado recentemente na Revista Brasileira de Ortopedia – RBO um estudo com o objetivo de descrever o perfil dos pacientes e os resultados obtidos com o uso de fixador externo para alongamento de metatarso em braquimetatarsias.
O estudo
Foram avaliados retrospectivamente os prontuários de 6 pacientes (13 metatarsos) submetidos à distração osteogênica com fixador externo (taxa de 0,5 mm/dia) em um hospital goiano. Com o auxílio das radiografias pré e pós-operatórias foram anotadas as seguintes variáveis: idade, gênero, motivo da consulta (deformidade estética, metatarsalgia, dificuldade em calçar sapatos), lado acometido, metatarso acometido, presença de dor ou calosidade (pré e pós-cirurgia), tempo de distração do fixador, alongamento obtido (em mm), tempo de uso de fixador, complicações e satisfação pós-cirúrgica.
Todas as pacientes foram do sexo feminino, com média de idade de 28 anos, e motivadas a buscar o serviço de ortopedia em função da deformidade estética. O acometimento foi bilateral em duas pacientes e unilateral em quatro pacientes. O tempo médio de alongamento foi de 22 dias ( ±7,15; intervalo de confiança [IC] 95%: 19,04–26,81). A velocidade de alongamento foi de 0,5 mm/dia e o comprimento médio total do alongamento foi de 11,46 mm ( ±3,57; IC95%: 9,52–13,40).
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Metade das pacientes teve infecção local dos pinos e foi tratada com antibióticos (única complicação visualizada). As pacientes negaram dor ou calosidade após o procedimento cirúrgico e relataram satisfação com os resultados.
Conclusão
Segundo os dados do estudo, todas as pacientes eram mulheres com queixas estéticas e ficaram satisfeitas com o resultado do tratamento. Apesar da pequena amostra e coleta de dados retrospectiva, o trabalho foi comparável a pesquisas maiores em termos de características demográficas, quantidade de correção cirúrgica e resultados clínicos.
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