Logotipo Afya
Anúncio
Ortopedia7 junho 2024

Supressão antimicrobiana e consolidação óssea em infecções relacionadas a fraturas

Estudo avaliou os resultados da supressão antimicrobiana inicial no manejo de infecções relacionadas a fraturas. 
Por Rafael Erthal

O manejo de infecções relacionadas com fraturas tem passado por avanços significativos graças ao desenvolvimento de diretrizes internacionais. No entanto, a realidade dos cuidados de saúde em ambientes com recursos limitados é frequentemente negligenciada devido à falta de evidências disponíveis na literatura proveniente dessas regiões. Em países de baixa e média renda, a supressão antimicrobiana inicial para apoiar a união de fraturas é uma prática comum, apesar da escassez de evidências clínicas publicadas que sustentem essa prática. 

Supressão antimicrobiana e consolidação óssea em infecções relacionadas a fraturas

Objetivo do Estudo 

Um estudo recente publicado em maio de 2024 na revista científica Injury teve como objetivo avaliar os resultados da supressão antimicrobiana inicial para apoiar a consolidação de fraturas no manejo de infecções relacionadas a fraturas. 

Métodos 

Este estudo retrospectivo de centro único foi realizado em uma unidade terciária de infecção musculoesquelética. Pacientes de qualquer idade com diagnóstico de infecção após osteossíntese intramedular foram tratados com supressão antibiótica até a consolidação óssea seguida de uma nova abordagem cirúrgica para erradicação do quadro infeccioso. Foram excluídos pacientes com osteomielite crônica sem história de fratura e aqueles com menos de seis meses de seguimento pós-cirurgia definitiva. A supressão antibiótica empírica consistiu em um esquema incluindo Cotrimoxazol (960 mg BD) e Rifampicina (450 mg BD) até a união da fratura. Os desfechos primários foram a resolução da infecção e a união da fratura. As indicações para essa abordagem incluíram: 

  • Envelope de tecidos moles que não requeriam reconstrução cirúrgica;
  • Evidência radiográfica de fixação estável com alinhamento adequado; 
  • Progressão para a união da fratura. 

Resultados 

Entre janeiro de 2016 e outubro de 2022, 55 pacientes com infecção associada a osteossíntese intramedular foram incluídos no estudo. A coorte final foi composta por 46 homens e nove mulheres, com idade média de 33,6 anos (DP 10,6). As fraturas expostas e as lesões por arma de fogo foram as principais causas das lesões. Os principais locais afetados incluíram a tíbia (n = 28, 51%) e o fêmur (n = 26, 47%). O tempo médio desde a lesão até o diagnóstico de infecção foi de 22,6 semanas (DP 14,4).  

Leia também: Osteossarcoma: Quais os fatores prognósticos em um país subdesenvolvido?

A abordagem foi associada a um tratamento bem-sucedido em 51 de 55 pacientes (93%). A união da fratura foi alcançada em 52 de 55 pacientes (95%) somente com a supressão antimicrobiana. A remissão da infecção foi alcançada em 54 de 55 pacientes (98%) após a cirurgia definitiva de erradicação da infecção. Na abordagem definitiva, os patógenos foram isolados em 41 casos (75%) sendo um único organismo identificado em 37 casos (67%), enquanto quatro pacientes (7%) exibiram crescimento polimicrobiano. Após a supressão antibiótica, 6 de 46 patógenos isolados de amostras intraoperatórias (13%) demonstraram resistência a múltiplas drogas. 

Conclusão 

A supressão antimicrobiana inicial para apoiar a cicatrização de fraturas, seguida de cirurgia definitiva de erradicação da infecção, foi associada ao sucesso do tratamento em 93% dos pacientes. A probabilidade de remissão da infecção aumenta quando a cirurgia de erradicação é realizada em um osso já consolidado. Essa abordagem não foi associada a um risco aumentado de desenvolvimento de infecções resistentes a múltiplas drogas em comparação com coortes contemporâneas de infecções ósseas descritas na literatura. 

Implicações Práticas 

Os resultados deste estudo são especialmente relevantes para os países de baixa e média renda, onde os recursos para tratamentos avançados e contínuos podem ser limitados. A abordagem de supressão antimicrobiana inicial proporciona uma solução viável e eficaz para o manejo de infecções relacionadas a fraturas, aumentando as chances de sucesso terapêutico e reduzindo a necessidade de intervenções mais complexas e dispendiosas.  

Este estudo destaca a importância de considerar as realidades locais e adaptar as práticas clínicas para melhorar os resultados em ambientes com recursos limitados, contribuindo para um tratamento mais eficaz e acessível das infecções relacionadas a fraturas. 

Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Referências bibliográficas

Compartilhar artigo