As fraturas diafisárias de úmero correspondem a 1,2% de todas as fraturas em adultos. Apesar do tratamento conservador com uso de brace ser padrão em muitos centros, houve crescimento do manejo operatório nesses casos nos últimos anos, muito devido à necessidade de retorno rápido ao trabalho e ao esporte. Entretanto, são escassos os estudos comparando os dois métodos de tratamento e o desfecho de retorno às atividades.
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Estudo sobre a fratura diafisária de úmero e o retorno
Foi publicado esse mês na revista “Bone and Joint Open” um estudo britânico com o objetivo primário de determinar as taxas de retorno ao trabalho e esporte após fratura diafisária de úmero. O desfecho secundário foi identificar fatores independentes associados à falha no retorno ao trabalho e esporte. Foram selecionados retrospectivamente pacientes maiores de 16 anos com fraturas agudas diafisárias de úmero tratadas com redução aberta e fixação interna ou haste intramedular entre janeiro de 2008 e dezembro de 2017.
Um total de 291 pacientes foram submetidos a um questionário de atividade em que 177 (61%) trabalhavam antes da lesão e passaram a compor o “Grupo Trabalho” e 182 (63%) praticavam esportes e passaram a compor o “Grupo Esporte). Fizeram parte dos dois grupos 127 pacientes.
O “Grupo Trabalho” teve idade média de 47 anos (17 a 78), sendo 51% do sexo feminino (n = 90). O seguimento médio foi de 5,8 anos (1,3 a 11) e, no geral, 85% (n = 151) retornaram ao trabalho em média 14 semanas após a lesão (0 a 104), mas apenas 60% (n = 106) retornaram em tempo integral ao emprego anterior. Fraturas do terço proximal diafisárias (razão de chances ajustada (aOR) 4,0 (intervalo de confiança de 95% (IC) 1,2 a 14,2); p = 0,029) foram independentemente associadas à falha no retorno ao trabalho.
O “Grupo Esporte” teve idade média de 52 anos (18 a 85), sendo 57% do sexo feminino (n = 104). O seguimento médio foi de 5,4 anos (1,3 a 11) e a pontuação média da escala de atividade UCLA (University of California Los Angeles) reduziu de 6,9 (IC 95% 6,6 a 7,2) antes da lesão para 6,1 (IC 95% 5,8 a 6,4) após a lesão (p < 0,001). Houve 89% (n = 162) que retornaram ao esporte: 8% (n = 14) em três meses, 34% (n = 62) em seis meses e 70% (n = 127) em um ano. Idade ≥ 60 anos associou-se independentemente à falha no retorno ao esporte (aOR 3,0 (IC 95% 1,1 a 8,2); p = 0,036). Nenhum outro fator foi independentemente associado à falha no retorno ao trabalho ou esporte.
Conclusão
A grande maioria dos pacientes retornou ao trabalho ou ao esporte, embora com menor nível de desempenho. Pacientes maiores de 60 anos e com fraturas mais proximais apresentaram os piores resultados. Na nossa prática, em pacientes com demanda de retorno rápido ao trabalho ou atividade física, o tratamento cirúrgico geralmente é recomendado, sendo o tratamento conservador escolhido para pacientes mais velhos com menor demanda.
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