A artrose é a doença osteoarticular que leva a maior quantidade de pacientes viverem com disfunção no mundo. Nos membros inferiores, a articulação do joelho é a mais acometida e a terapia conservadora é considerada primeira e segunda linha em um paciente virgem de tratamento. Quando há falha da terapia conservadora, a artroplastia total de joelho (ATJ) é oferecida.
O estado físico e funcional anterior à artroplastia total de joelho foi associado à reabilitação nos pacientes submetidos à cirurgia. Evidências sugerem que fisioterapia, exercícios, terapia ocupacional e educacional pré-cirúrgicas melhoram os resultados do período peri-operatório e reduz o tempo de internação hospitalar. Entretanto grandes ensaios clínicos randomizados quanto ao tema ainda são escassos.
Estudo
Foi publicado esse mês no “Journal of American Medical Association – JAMA” um ensaio clínico randomizado, multicêntrico e prospectivo com o objetivo de comparar a pré-habilitação (ou reabilitação pré-opertória) com a rotina pré-operatória convencional nos pacientes submetidos à artroplastia total de joelho quanto à independência funcional e limitações de atividade no pós-operatório. Entre outubro de 2012 e novembro de 2019, 262 pacientes entre 50 e 85 anos com diagnóstico de osteoartrose foram divididos em dois grupos pré-cirúrgicos do mesmo tamanho:
- Grupo controle: Pré-operatório convencional de artroplastia total de joelho
- Grupo experimental: Sessōes de reabilitação multidisciplinar e educacional duas vezes na semana por dois meses antes da cirurgia
Os desfechos primários avaliados foram a proporção de pacientes independentes funcionalmente num período de quatro dias após a cirurgia e a limitação de atividades desses pacientes num período de seis meses após a cirurgia. Os desfechos secundários avaliados foram relacionados a dor no joelho nas primeiras 48 horas, escores de limitação funcionais, qualidade de vida e estado mental, além de custo-benefício do tratamento.
Com uma média (DP) de quatro (um) dias após a cirurgia, 34 de 101 (34%) no grupo experimental vs 26 de 95 (27%) pacientes no grupo controle alcançaram independência funcional (razão de risco, 1,4; 97,5% CI, 0,9-2,1; P = 0,15). Aos seis meses, a área média (SD) sob a curva para a subescala de função dos escores Western Ontario Questionnaire e McMaster Universities Osteoarthritis Index foi de 38,1 (16,5) mm² no grupo experimental vs 40,6 (17,8) mm² no grupo controle (diferença absoluta, – 2,8 mm2; IC 97,5%, -7,8 a 2,3; P = 0,31 após imputação múltipla). Não foram encontradas diferenças nos desfechos secundários.
Leia também: Preservar ou substituir a patela durante artroplastia total de joelho?
Conclusão
O estudo concluiu que o esquema de intervenção pré-operatória não gerou benefícios em relação ao tratamento convencional. Apesar de bem planejado, o estudo teve baixa aderência e grande perda de follow up, o que pode ter tornado seus resultados menos robustos. Na nossa realidade, esse condicionamento pré-operatório não é comumente solicitado. Entretanto, recomendações como mudança de estilo de vida e perda de peso são importantes para somar ao ganho de qualidade de vida gerado pela cirurgia.
Referências bibliográficas:
- Nguyen C, Boutron I, Roren A, et al. Effect of Prehabilitation Before Total Knee Replacement for Knee Osteoarthritis on Functional Outcomes: A Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open. 2022;5(3):e221462. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.1462
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.