Prevenção de fraturas com terapia com zoledrônico

Recentemente, a Lancet publicou um estudo observacional de ensaio clínico randomizado de 6 a 10 anos sobre a duração da prevenção de fraturas após o tratamento com ácido zoledrônico em mulheres com osteopenia. Segue abaixo um resumo desse estudo.

Introdução

A perda óssea na pós-menopausa resulta em cerca de metade das mulheres com pelo menos uma fratura após os 50 anos. Visando entender tal problema, o estudo investigou se o uso da droga antirreabsortiva, o ácido zoledrônico (em mulheres sem osteoporose), foi capaz de prevenir fraturas a longo prazo.

Metodologia

O estudo foi feito com ensaio clínico randomizado ocorrido na região de Auckland, Nova Zelândia, com 1.000 mulheres na pós-menopausa com idade superior a 65 anos e T-score de quadril total ou colo do fêmur entre -1.0 e -2.5. Elas foram distribuídas de maneira aleatória para receberem 4 doses de 5 mg de ácido zoledrônico ou solução salina no decorrer de 18 meses. Os critérios de exclusão foram: T-score de coluna lombar inferior a -3.0, taxa de filtração glomerular inferior a 30 mL/min, presença de outra doença sistêmica, presença de doença maligna nos últimos 2 anos, presença de doença óssea metabólica e/ou uso de bifosfonatos no último ano. Tais participantes obtiveram coleta de peso, altura, dados de massa óssea (incluindo coluna lombar, quadril, análise corporal incluindo massa de gordura e massa magra) e marcadores sanguíneos de turn-over ósseo no início, no seguimento e no fim do estudo após 10 anos.

Resultados

Das 1.000 mulheres selecionadas, 796 foram elegíveis para o estudo no período entre 24.09.2015 a 13.12.2017 e 727 foram seguidas por 10 anos. A média de tempo de seguimento foi de 4,24 anos, 88 mulheres usaram drogas com atividade óssea durante o estudo e 92 apresentaram 114 fraturas não vertebrais. Durante a primeira metade do seguimento, a taxa de fraturas permaneceu baixa, aumentando ao longo da segunda metade. A análise dos fatores determinantes para ocorrência de fraturas concluiu que a massa óssea total do quadril, idade mais avançada, queda no último ano e histórico prévio de fratura não vertebral foram preditivos para fratura nos anos 6 a 10. Em contrapartida, presença de fratura vertebral não demonstrou associação com risco aumentado de fratura. Após 10 anos de seguimento, a densidade mineral óssea foi maior no grupo zoledrônico do que no grupo placebo em todos os sítios avaliados. No subgrupo de 50 mulheres que tiveram os marcadores de remodelação óssea avaliados, foi demonstrada associação com elevação dos mesmos e redução da densidade mineral óssea.

Discussão

O estudo mostrou a longevidade dos efeitos ósseos do ácido zoledrônico em mulheres idosas que receberam as quatro infusões do medicamento no decorrer de 18 meses. A redução da taxa de fraturas se manteve por um período médio de dois anos, não sendo sustentada por muito mais tempo. O estudo é consistente com demais estudos previamente realizados na sustentação da prevenção de fraturas por um período máximo de três anos, podendo ter algum efeito residual além desse período. A perda da eficácia antifratura entre os anos 8 e 10 é refletida na perda da maioria dos ganhos anteriores no quadril total e densidade mineral óssea corporal até o décimo ano.

Conclusão

A redução da ocorrência de fraturas no grupo zoledrônico foi substancialmente mantida após 1,5-3,5 anos da última dose da medicação, porém não foi sustentada por mais tempo além desse.