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Ortopedia13 agosto 2025

O barulho da robótica na sala cirúrgica: um risco escondido para a audição?

Pesquisa mostra que prótese de joelho com robô pode expor cirurgiões a ruído acima do limite seguro, aumentando risco de perda auditiva.
Por Rafael Erthal

Quando se fala em cirurgia robótica, o foco costuma ser a precisão do corte, a diminuição da liberação ligamentar ou o alinhamento perfeito do implante. Mas existe um detalhe quase nunca discutido: o barulho durante a cirurgia. Será que as próteses de joelho feitas com auxílio de robôs expõem os cirurgiões a níveis de ruído perigosos? 

Um estudo da Universidade de Miami, publicado no Journal of Arthroplasty, trouxe dados inéditos sobre esse tema. Pesquisadores compararam o nível de ruído durante artroplastias manuais e com dois sistemas robóticos diferentes, analisando 66 gravações intraoperatórias. 

cirurgia robótica

O que foi medido? 

Foram avaliados: 

  • Nível médio e máximo de decibéis (dB); 
  • Duração da exposição; 
  • Dose de ruído (percentual do limite diário permitido); 
  • Projeção da dose de ruído para uma jornada de 8 horas, segundo as normas do NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health). 

O limite considerado seguro pelo NIOSH é de 85 dB como média ponderada em 8 horas. Acima disso, o risco de perda auditiva induzida por ruído (PAIR) cresce significativamente. 

Principais achados do estudo 

  • O nível médio de ruído foi de 92,7 dB na cirurgia manual, 97,6 dB no robô sistema A (Mako- Stryker) e 92,7 dB no robô sistema B (Compact Robotic Imagen System – Smith Nephew). 
  • O tempo médio de exposição foi de 73 minutos na técnica manual, 63 minutos no sistema A e 60 minutos no sistema B. 
  • A dose projetada de ruído para 8 horas de cirurgia foi de 1.936% do limite seguro no sistema A, contra 819% na manual e 668% no sistema B. 
  • Apenas o sistema robótico A ultrapassou o limite do NIOSH, com média ponderada de 88,3 dB. 

O que isso significa? Em termos práticos, cirurgiões expostos repetidamente a esse tipo de ruído podem desenvolver perda auditiva ao longo do tempo. Uma pesquisa anterior já havia mostrado que cirurgiões ortopédicos têm mais perda auditiva do que profissiomnais de outras áreas — e o uso crescente da robótica pode intensificar esse risco. 

O que podemos fazer? 

  • Protetores auriculares personalizados podem ser uma alternativa, especialmente em cirurgias longas ou quando se utiliza robótica com níveis de ruído elevados. 
  • Ajustes no ambiente da sala — como o posicionamento do aspirador e ferramentas de corte — podem ajudar a reduzir a intensidade sonora. 
  • Monitoramento periódico da audição entre cirurgiões, uma medida ainda pouco aplicada. 

Veja também: Cirurgia robótica vs. cirurgia laparoscópica em pacientes com câncer retal

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Referências bibliográficas

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