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Ortopedia30 maio 2025

Fraturas do escafoide podem ser inicialmente tratadas sem imobilização gessada?

Estudo avaliou resultados funcionais entre pacientes com suspeita de fratura do escafoide (e radiografias iniciais normais) tratados com bandagem em comparação com gesso

Muitas das fraturas do escafoide não são visualizadas nas radiografias iniciais, mas há um consenso e recomendação na literatura de que, se há suspeita clínica de fratura, deve-se manter o punho imobilizado a fim de se evitar a possibilidade de evolução para pseudoartrose. Entretanto, apenas 10% dos casos suspeitos realmente terminam sendo verdadeiramente fraturas, sendo assim 90% desses pacientes seriam supertratados. 

Devido a isso, surge a dúvida se a imobilização gessada dos casos suspeitos seria realmente necessária e superior a uma bandagem nesses casos.  

Dessa forma, com foco nesse espaço da literatura foi publicado recentemente no “Journal of Orthopedics and Traumatology” um estudo com o objetivo de avaliar resultados funcionais entre pacientes com suspeita de fratura do escafoide (e radiografias iniciais normais) tratados com bandagem em comparação com gesso. 

fratura do escafoide

Metodologia 

Foi desenvolvido um ensaio clínico controlado randomizado, multicêntrico na Holanda, de não inferioridade comparando o tratamento de casos suspeitos de fraturas de escafoide em 9 hospitais entre junho de 2018 e janeiro de 2020. Os pacientes foram alocados nos grupos bandagem ou gesso aleatoriamente numa proporção 1:1.  

No grupo bandagem, a proteção era retirada após 3 dias permitindo a mobilização do punho enquanto no grupo gesso, a tala gessada foi mantida por 2 semanas até a reavaliação médica. 

O resultado primário foi o resultado funcional medido com o questionário Quick Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand (QDASH) 3 meses após a inclusão. Os desfechos secundários referentes aos desfechos funcionais e dor incluíram (1) a pontuação QDASH na inclusão, 2 semanas, 6 semanas e 1 ano; (2) a pontuação da avaliação do punho/mão avaliada pelo paciente (PRWHE) em todos os pontos de acompanhamento; (3) a quantidade de dor pontuada na escala visual analógica (VAS) em repouso e durante o movimento em todos os pontos de acompanhamento; (4) exame físico após 2 semanas e 1 ano do punho não lesionado em comparação com o punho lesionado. 

Leia mais: Evolução de fraturas ocultas do escafoide diagnosticadas com ressonância magnética

Resultados 

Dos 180 pacientes (91 com bandagem e 89 gesso), 16 tiveram fraturas do escafoide e não houve pseudoartroses. O resultado funcional no grupo de enfaixamento não foi inferior em 3 meses em comparação com o grupo gessado [diferença estimada ajustada pontuação QDASH 0,30 (IC 95% 0,02–0,62)].  

Todos os outros escores de função e dor relatados pelo paciente não foram significativamente diferentes entre os grupos. A amplitude de movimento em 2 semanas foi melhor no grupo da bandagem e eles estavam mais satisfeitos com o tratamento do que o grupo de gessado. 

O que podemos levar para casa? 

O estudo concluiu que o gesso para suspeitas de fraturas do escafoide, mas radiografias iniciais normais podem ser evitadas porque a bandagem parece ser uma opção de tratamento alternativa quando os pacientes são reavaliados após 2 semanas.  

Na nossa prática ortopédica, acabamos sendo mais tradicionalistas e mantendo esses pacientes imobilizados com uma tala gessada, porém a ideia sugerida no artigo deve ser levada em consideração por não apresentar aumento dos casos de pseudoartrose e gerar melhor possibilidade de reabilitação precoce. Estudos maiores mantendo a metodologia seriam importantes para dar mais força e evidência a essa prática. 

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Referências bibliográficas

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