As fraturas da diáfise do úmero correspondem a cerca de 3% de todas as fraturas e admitem estratégias de tratamento não cirúrgico mesmo na presença de alguns graus de desvio em decorrência da grande mobilidade do cotovelo e do ombro. Fraturas que evoluem com consolidação viciosa com desvios pequenos apresentam bom resultado funcional.
Para o tratamento conservador o uso de imobilização com órteses funcionais é amplamente utilizado. Esta modalidade de tratamento pode cursar com complicações tais como o retardo ou a ausência de consolidação óssea (pseudoartrose).
Um recente estudo publicado na revista científica Shoulder & Elbow foi desenhado com o objetivo de avaliar a eficácia da órtese funcional no tratamento de fraturas da diáfise do úmero e identificar fatores que aumentam o risco de atraso ou ausência de consolidação.
Metodologia
A amostra incluiu todos os pacientes com fraturas da diáfise do úmero tratados no hospital Musgrove Park, localizado em Taunton, Somerset, Inglaterra, entre 2010 e 2017. Os prontuários eletrônicos destes pacientes foram revisados para identificar dados demográficos, bem como resultados e complicações após o tratamento. As radiografias foram revisadas para identificar o padrão, a localização e o grau de desvio
No total, 65 pacientes foram tratados com órtese funcional, dos quais 22 (34%) apresentaram retardo de consolidação ou pseudoartrose, sendo o desvio da fratura significativamente associado com este desfecho. Em particular, pacientes com fraturas apresentando desvio superior a 30 mm ou angulação superior a 30° tiveram um risco significativamente maior destas complicações. A localização ou padrão da fratura não foi significativamente associada com o retardo de consolidação ou a pseudoartrose
Conclusão
O estudo conclui que a órtese funcional é uma modalidade de tratamento eficaz para a maioria dos pacientes com fraturas da diáfise do úmero, mas pacientes com fraturas acentuadamente desviadas ou anguladas apresentam maior risco de falha do tratamento conservador e, portanto, a intervenção cirúrgica precoce deve ser considerada neste grupo.
Referências bibliográficas:
- Kocialkowski C, Sheridan B. Humeral shaft fractures: how effective really is functional bracing? Shoulder & Elbow. 2021;13(6):620-626. doi: 10.1177/1758573220937402
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.