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Ortopedia26 junho 2025

Fratura do colo do fêmur: ATQ de dupla mobilidade é mais eficaz?

Estudo mostra que próteses de dupla mobilidade reduzem luxações na artroplastia de quadril, mas elevam ossificação e têm pior função a curto prazo.

A artroplastia total de quadril (ATQ) é o tratamento preconizado para fratura do colo do fêmur em pacientes idosos com baixa qualidade óssea levando a melhores resultados funcionais. Entretanto, a luxação da prótese é uma complicação conhecida podendo levar a sucessivas revisões e a um maior risco a um paciente já debilitado. 

Diante desse problema, há um interesse crescente no uso de próteses de dupla mobilidade (DM) para aumentar a estabilidade nesses casos de fratura. Essas próteses visam reduzir as taxas de luxação combinando duas superfícies articulares com opções cimentadas ou não cimentadas, dependendo do estoque ósseo e da preferência do cirurgião. Entretanto, o custo elevado desse modelo é um fator limitante para utilização mundo afora. 

Assim, foi publicado recentemente no “Journal of Orthopaedic Surgery and Research” um estudo com o objetivo de comparar a ATQ convencional com a DM em pacientes com fratura do colo do fêmur, a fim de fornecer orientações concisas para orientar decisões clínicas e aprimorar os desfechos dos pacientes. 

Fratura colo do fêmur

METODOLOGIA 

Foram pesquisadas as bases de dados PubMed, Scopus e Cochrane até outubro de 2024 e incluídos estudos comparando as duas técnicas em pacientes com fraturas do colo do fêmur. Os estudos foram excluídos se fossem ensaios não concluídos, fossem pesquisas científicas básicas ou não fornecessem dados sobre fratura do colo do fêmur. 

RESULTADOS 

Foram incluídos 3 ensaios clínicos randomizados e 10 estudos de coorte, totalizando 21.585 pacientes, dos quais 4.887 foram submetidos à ATQ dupla mobilidade e 16.698 foram submetidos à ATQ convencional. Comparado à convencional, a DM apresentou menores taxas de luxação (RR 0,47; IC 95%: 0,34–0,65; p < 0,001) e de revisão (RR 0,77; IC 95%: 0,67–0,89; p < 0,001), mas maior ossificação heterotópica (RR 1,98; IC 95%: 1,22–3,20; p < 0,05) e piores escores funcionais em seis a nove meses (DMP 1,65; IC 95%: 0,75–2,55; p < 0,001). A análise de meta-regressão não mostrou impacto da abordagem posterior nos resultados da luxação (p = 0,76). 

MENSAGEM PRÁTICA 

O estudo concluiu que a DM reduz os riscos de luxação e revisão, mas aumenta a ossificação heterotópica e apresenta piores resultados funcionais a curto prazo. Por se tratar de uma novidade, apesar dos bons resultados com a indicação correta inicial, ensaios clínicos randomizados maiores são necessários para validar a eficácia e a segurança a longo prazo na prática clínica. 

Veja também: Fixação de fraturas do colo do fêmur: parafuso deslizante ou canulado?

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Referências bibliográficas

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