Logotipo Afya
Anúncio
Ortopedia4 maio 2025

Fisioterapia ou cirurgia para as lesões do manguito rotador

Estudo investigou os desfechos de longo prazo entre pacientes com lesão do manguito rotador tratados com reparo primário do tendão e aqueles submetidos apenas à fisioterapia
Por Rafael Erthal

As rupturas do manguito rotador são lesões frequentes que geram impacto funcional significativo e afetam a qualidade de vida, especialmente em adultos e idosos ativos. O tratamento pode variar desde a fisioterapia até o reparo cirúrgico, dependendo de fatores como o tamanho da lesão, a idade e as demandas funcionais do paciente. Apesar de estudos que demonstram bons resultados para ambas as abordagens a curto prazo, poucos dados avaliam o impacto dessas estratégias com maior tempo de seguimento. 

Um estudo recente publicado no “Journal of Bone and Joint Surgery” investigou exatamente isso: os desfechos funcionais e clínicos de longo prazo entre pacientes tratados com reparo primário do tendão e aqueles submetidos exclusivamente à fisioterapia, com ou sem conversão para cirurgia. 

O estudo 

O estudo incluiu 103 pacientes com rupturas completas do manguito rotador, classificadas como pequenas a médias (≤3 cm). Os participantes foram randomizados para dois grupos: tratamento inicial com reparo cirúrgico ou fisioterapia. No grupo de fisioterapia, foi permitida a conversão para cirurgia em casos de falha clínica. Os principais desfechos analisados incluíram o escore Constant (uma medida validada de função do ombro), dor, amplitude de movimento, força, qualidade de vida e satisfação do paciente. 

Ao longo de 15 anos, 81 pacientes (78%) completaram o seguimento. Dos 51 pacientes tratados inicialmente com fisioterapia, 15 (29%) precisaram de cirurgia secundária devido a piora dos sintomas ou progressão da lesão. 

Resultados 

O reparo primário demonstrou resultados significativamente superiores nos escores de função (Constant: 79,9 versus 68,5 pontos, p < 0,001) e dor. Além disso, pacientes submetidos ao reparo inicial apresentaram maior amplitude de movimento e força, especialmente em elevação e abdução sem dor. 

No grupo da fisioterapia, foi observado um aumento médio no tamanho das rupturas ao longo do tempo (de 16,2 mm para 31,6 mm na direção ântero-posterior), associado à piora funcional. Embora a conversão para cirurgia tenha proporcionado alguma melhora, os resultados não atingiram o mesmo nível do reparo inicial. 

Não foram encontradas diferenças significativas nos desfechos de qualidade de vida (SF-36), sugerindo que o impacto funcional prevalece sobre os efeitos sistêmicos a longo prazo. 

Saiba mais: Distúrbios degenerativos do manguito rotador

Discussão 

Os resultados desse estudo reforçam que o reparo do tendão é a melhor opção para pacientes com rupturas pequenas a médias do manguito rotador que buscam preservar a função e evitar a progressão da lesão. Por outro lado, a fisioterapia pode ser uma alternativa válida para aqueles que desejam evitar a cirurgia, embora envolva maior risco de progressão das lesões e comprometimento funcional. 

Além disso, o estudo destaca que a cirurgia secundária, apesar de eficaz, não recupera plenamente o potencial funcional perdido, reforçando a importância de uma abordagem precoce e planejada. 

Mensagem prática 

O estudo de 15 anos em questão oferece evidências robustas que favorecem o reparo inicial para rupturas do manguito rotador de pequeno a médio porte, demonstrando melhores resultados funcionais e menor risco de progressão da lesão. Para pacientes que optam por fisioterapia, é essencial um acompanhamento rigoroso para monitorar a evolução clínica e ajustar o plano de tratamento conforme necessário. 

 

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Ortopedia