As fraturas transtrocanterianas do fêmur podem ser tratadas por hastes intramedulares (PFN e GAMA nail) ou placas extramedulares (DHS), todas baseadas na fixação com parafuso deslizante de tração cefálicos. Os resultados clínicos são semelhantes, proporcionando fixação estável da fratura, mobilização precoce, baixo índice de complicações e retorno rápido às atividades habituais.
Com o surgimento do intensificador de imagens, os procedimentos foram ganhando mais qualidade, houve melhor redução das fraturas, posicionamento dos implantes e redução do tempo cirúrgico. Entretanto, a exposição à radiação ionizante, a médio e longo prazo, acaba gerando ou potencializando cânceres, já que a probabilidade de ocorrência é proporcional à dose de radiação recebida.
O estudo
Foi publicado recentemente na Revista Brasileira de Ortopedia um estudo quali-quantitativo com uma amostra de 107 pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico de fraturas transtrocanterianas de fêmur em um hospital na cidade de Itaperuna – RJ no período de janeiro a dezembro de 2017. Foram coletados pelos autores dados referentes à classificação das fraturas, gênero, idade, tipo de implante, quantidade de raios e tempo cirúrgico.
Para análise das diferenças entre as técnicas, foi aplicado um teste de hipótese não paramétrico chamado Mood Median Test e como a amostra não tinha distribuição normal, o teste foi baseado nas medianas do nível de exposição entre os grupos. Com a figura de medianas, GAMA e PFN têm nível de exposição à radiação maior que DHS, mas não é possível afirmar estatisticamente que GAMA tem maior nível de exposição que PFN (porque suas medianas são estatisticamente iguais com os intervalos sobrepostos).
Quanto ao tempo cirúrgico, o DHS tem um tempo maior que PFN, porém não é possível afirmar que DHS e GAMA são estatisticamente diferentes. Da mesma forma, comparando GAMA E PFN, suas medianas são estatisticamente iguais.
Conclusão
O estudo demonstrou que o DHS proporcionou uma menor exposição aos raios X quando comparado à PFN ou GAMA nail. Entretanto, é preciso levar em consideração que as fraturas não foram randomizadas por gravidade, podendo levar a um viés. Da mesma maneira, tempo cirúrgico e quantidade de radiação também estão relacionados à habilidade e experiência do cirurgião.
Referências bibliográficas:
- Guerra LCCB, Chiarelli LR. Analysis of Intraoperative Exposure to X-rays and Surgical Time in Different Techniques for Fixation of Transtrochanteric Fractures of the Femur. Rev Bras Ortop (Sao Paulo). 2021;56(6):790-795. Published 2021 Nov 12. doi:10.1055/s-0041-1731673
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