A estenose lombar é caracterizada por dor e desconforto na região lombar e membros inferiores, dificuldade de deambular e déficit funcional, além de redução do canal vertebral vista nos exames de imagem. Grande parte dos estudos demonstraram resultados clínicos superiores do procedimento cirúrgico em relação ao conservador nesses casos.
Historicamente, é realizada a descompressão da estenose e uma laminectomia aberta como padrão. Nas últimas décadas, diversas técnicas minimamente invasivas foram introduzidas com a vantagem de redução no tempo cirúrgico e de internação, entretanto, são escassos os trabalhos que comparam tais procedimentos pouco invasivos. Foi publicado no último mês no “Journal of American Medical Association – JAMA” um ensaio clínico randomizado comparando três diferentes técnicas minimamente invasivas para descompressão do canal vertebral.
O estudo
Participaram do estudo 16 hospitais noruegueses, onde foram selecionados pacientes com sintomas de estenose lombar confirmados por exame de ressonância magnética entre 2014 e 2018. Foram randomizados 437 pacientes na proporção 1:1:1 entre os grupos laminotomia unilateral – LU (n=146), laminotomia bilateral – LB (n=142) e osteotomia do processo espinhoso – OPE (n=149).
O desfecho primário foi a variação da incapacidade medida com o Índice de Incapacidade de Oswestry (ODI) desde o início até 24 meses após o procedimento cirúrgico. O ODI é um escore de dor e função amplamente utilizado e validado, onde 0 é considerado assintomático e 100 é considerado completamente incapacitado. Já os desfechos secundários foram mudanças desde a linha de base até o fim do follow up no índice de utilidade do questionário 5-dimensional EuroQol (EQ-5D), no Questionário de Claudicação de Zurique (ZCQ-score), numa escala de classificação numérica de dez pontos (NRS) para baixa dor lombar e dor em membros inferiores, e numa escala de efeito global percebido (GPE – utilizada para dor crônica).
O grupo de laminotomia unilateral teve uma alteração média de -17,9 pontos no ODI (IC 95%, -20,8 a -14,9), enquanto o grupo de laminotomia bilateral teve uma alteração média de -19,7 pontos no ODI (IC 95%, -22,7 a -16,8 ), e o grupo da osteotomia do processo espinhoso teve uma mudança média de -19,9 pontos no ODI (IC 95%, -22,8 a -17,0). Não houve diferenças significativas nos resultados primários ou secundários entre os três procedimentos cirúrgicos, exceto por uma maior duração do procedimento cirúrgico no grupo laminotomia bilateral com 123,9 (109,0-138,7) minutos em comparação com 95,7 (81,1-110,3) minutos e 92,9 (78,2-107,7) minutos para LU e OPE, respectivamente (P <0,001).
Conclusão
Quanto ao estudo, seria interessante uma maior amostra para dar maior poder estatístico ao trabalho. Além disso, a comparação com a laminectomia aberta também seria uma boa opção para tornar o estudo mais rico. Com os dados coletados, não há diferença estatística nos resultados com as diferentes técnicas, excetuando-se o tempo cirúrgico.
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