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Ortopedia20 fevereiro 2023

Ainda há espaço para os opioides na osteoartrite (OA) de joelhos e quadris?

Estudo realizou revisão sistemática para avaliar o uso de tramadol nos pacientes com osteoartrite (OA) de joelhos e quadris.

Por Gustavo Balbi

A osteoartrite (OA) é uma doença muito frequente na população geral e pode cursar com grande morbidade. Além da disfunção relacionada ao comprometimento estrutural da articulação, os pacientes podem apresentar dor significativa, limitando as atividades diárias e piorando a qualidade de vida. Atualmente, não existem tratamentos que comprovadamente reduzem a progressão da OA, e o principal alvo terapêutico é o controle sintomático e reabilitação.

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O tramadol é um agonista opioide, frequentemente prescrito em casos de dor crônica e refratária. Para os pacientes com OA, é o primeiro opioide a ser prescrito em quase 40% dos casos.

Apesar disso, existe importante preocupação com os efeitos colaterais, como náusea, sonolência, cefaleia, síndrome serotoninérgica, entre outros. Além disso, existe risco de dependência, o que piora o seu perfil de segurança.

Nesse contexto, Zhang et al. realizaram uma revisão sistemática para avaliar eficácia e segurança do uso de tramadol nos pacientes com OA de joelhos e quadris.

Ainda há espaço para os opioides na OA de joelhos e quadris?

Métodos

Foi realizada a busca de alta sensibilidade nas seguintes bases de dados: PubMed, Embase, Cochrane Library, and Web of Science. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados (RCTs), com pacientes com OA de joelhos e quadris, que fizeram uso de tramadol 100, 200 e 300 mg/dia (versus placebo). Para serem incluídos, os estudos deveriam relatar os seguintes desfechos: dor, função e eventos adversos.

Resultados

Dos 1.347 artigos analisados, cinco RCTs publicados e um não publicado foram incluídos, totalizando 3.611 pacientes. A idade média dos pacientes foi de 60,6 anos, com 70% dos pacientes do sexo feminino.

As diferenças médias padronizadas (SMD) com o uso de tramadol 100, 200 e 300 mg/dia foram de -0,16 (IC95% -0,34 a 0,00]), -0,21 (IC95% -0,37 a -0,06) e -0,30 (IC95% -0,48 a -0,14), respectivamente, em comparação com o placebo. No entanto, apenas o tramadol 300 mg/dia foi superior ao placebo em relação à melhora funcional SMD -0,24 (IC95% -0,47 a -0,03). Além disso, os autores encontraram um risco aumentado de eventos gastrointestinais e do sistema nervoso central, da ordem de duas a quatro vezes.

Comentários

Os achados descritos pelos autores nos mostram que o perfil de segurança do tramadol não parece justificar sua indicação na osteoartrite (OA) de joelhos e quadris. Apesar de estatisticamente relacionados a menos dor que o placebo, o tamanho de efeito dessa redução não parece ser suficiente para indicar a medicação de maneira rotineira, frente aos efeitos colaterais.

Saiba mais: Há diferença no tratamento da osteoartrose de joelho e quadril à distância?

Mensagem prática

Sendo assim, a prescrição de tramadol para esses pacientes deve ser cautelosa, levando sempre em consideração o perfil de risco para eventos adversos gastrointestinais e neurológicos. É importante ressaltar a relevância da reabilitação no tratamento desses casos, visando um menor consumo de analgésicos no médio e longo prazo.

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Referências bibliográficas

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