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Ortopedia5 fevereiro 2025

Acesso longitudinal ou transverso na tenossinovite de De Quervain

Estudo teve como objetivo examinar e comparar os resultados funcionais associados a incisões longitudinais e transversais no tratamento da tenossinovite de De Quervain

A tenossinovite de De Quervain é uma patologia comum do punho resultante da compressão do primeiro compartimento extensor composto pelo extensor curto do polegar (ECP) e abdutor longo do polegar (ALP). O tratamento inicial é conservador com imobilização e fisioterapia, podendo passar por uma infiltração local com anestésico e corticosteroide. Essas medidas menos invasivas chegam a uma taxa de sucesso de cerca de 70%. 

Nos casos refratários às medidas iniciais, há indicação do procedimento cirúrgico para liberação do compartimento. Existem inúmeros acessos cirúrgicos descritos para o tratamento desta patologia como o transversal, longitudinal, “lazy S” e angulados. Os acessos mais longitudinais teoricamente teriam a vantagem de menor chance de lesão iatrogênica dos ramos sensitivos do nervo radial enquanto os acessos mais transversais teriam a vantagem de gerarem cicatrizes mais estéticas. Entretanto, uma revisão sistemática recente revelou que os estudos atuais carecem de resultados comparando as técnicas. 

Diante disso, foi publicado na revista BMC Musculoskeletal Disorders um estudo com o objetivo de examinar e comparar os resultados funcionais associados a incisões longitudinais e transversais no tratamento da tenossinovite de De Quervain, com objetivos secundários com foco em resultados estéticos, escores de dor e complicações. 

Veja mais: Série Doenças da mão: Tenossinovite de De Quervain [VÍDEO]

tenossinovite de de quervain

Metodologia

O estudo foi um ensaio clínico randomizado prospectivo conduzido em um hospital terciário tailandês entre setembro de 2021 e junho de 2023. Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos com tenossinovite de De Quervain refratários há 3 meses de tratamento conservador. Foram excluídos pacientes alérgicos a anti-inflamatórios, com cirurgia prévia no mesmo sítio anatômico, sintomas de origem traumática ou neoplásica, doença articular inflamatória no punho afetado, bilateral, história de espondilose cervical, fraturas no membro superior e doenças sistêmicas como diabetes mellitus, hipotireoidismo e artrite reumatóide. Os pacientes foram alocados aleatoriamente no grupo I (incisão longitudinal) ou grupo II (incisão transversal). 

Resultados

Dos 70 pacientes diagnosticados com a patologia, 35 foram distribuídos a cada um dos grupos. Após a cirurgia, ambos os grupos mostraram melhorias acentuadas nos escores Thai PRWE (função) e POSAS (cicatriz), sem diferenças nos resultados funcionais. O grupo de incisão longitudinal teve uma redução significativa da dor após 2 e 6 semanas da cirurgia. Em 12 semanas, o alívio da dor foi semelhante em ambos os grupos. Infecção da ferida não foi observada em nenhum caso e três pacientes relataram parestesia temporária, que não foi estatisticamente significativa entre os grupos. 

Conclusão

Os dois tipos de incisão são eficientes na resolução das queixas álgicas e melhora da função dos pacientes segundo o estudo. Na nossa prática, é recomendado para cirurgiões menos experientes que comecem a realizar a cirurgia com acesso mais longitudinal a fim de evitar a complicação mais grave que seria a lesão iatrogência do nervo sensitivo radial. Com o tempo e experiência, há possibilidade de mudança para o acesso transverso a fim de buscar uma cicatriz mais estética. 

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Referências bibliográficas

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