As fraturas do rádio distal são comuns e têm dois picos em faixas etárias com pacientes adultos jovens sofrendo trauma de mais alta energia e idosos com traumas de baixa energia. História de tabagismo, alto IMC e diabetes, por exemplo, estão relacionados a uma chance maior de complicações.
A anemia já esteve associada em trabalhos anteriores à maior chance de complicações em artroplastias de joelho e quadril, cirurgias de coluna, fraturas de fêmur e tornozelo. Essas complicações incluem aumento do tempo de internação hospitalar, readmissões e infecção. Entretanto, não existe relato na literatura da relação entre anemia e cirurgias de osteossíntese de rádio distal.
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Análise recente
Foi publicado no último mês, na revista Hand, um estudo com o objetivo de investigar o impacto da anemia em pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico com redução aberta e fixação interna (RAFI) de fraturas do rádio distal. Foram incluídos dados entre 2012 e 2021 de uma base de dados de saúde americana.
Os desfechos avaliados foram tempo de internação, reoperação e readmissão. As covariáveis foram idade, sexo, raça/etnia, IMC, tabagismo, estado funcional, classe ASA, hipertensão (HA), congestiva insuficiência cardíaca (ICC), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença renal terminal (DRT) em diálise, distúrbio hemorrágico, recebimento de transfusão no pré-operatório e uso de imunossupressores/esteroides.
Um total de 14.136 pacientes foram incluídos. Os pacientes foram classificados pelos critérios da Organização Mundial da Saúde como não anêmicos (hematócrito > 36% para mulheres, > 39% para homens), anemia leve (hematócrito 33%-36% para mulheres, 33%-39% para homens) ou anemia moderada a grave (hematócrito < 33% para mulheres ou homens).
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Pacientes levemente anêmicos tiveram tempo de internação significativamente mais longo e foram significativamente mais propensos a experimentar readmissão e sepse (P < 0,05 para todos). Pacientes com anemia moderada a grave tiveram tempo de internação significativamente mais longo e eram significativamente mais propensos a sofrer readmissão, transfusão pós-operatória, choque séptico e qualquer evento adverso (P < 0,05 para todos).
Conclusão
Segundo o estudo, a anemia pré-operatória está associada ao aumento da probabilidade de resultados adversos após RAFI em fraturas do rádio distal, e a probabilidade aumenta com a gravidade da anemia. Os cirurgiões devem monitorar os pacientes quanto à anemia pré-operatória e esforçar-se para identificar a fonte e, se for seguro e possível, corrigir a anemia no pré-operatório ou gerenciar e educar pacientes no pós-operatório.
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