Tendência de aumento da incidência de câncer de pâncreas em mulheres jovens
O câncer de pâncreas é frequentemente diagnosticado tardiamente, estimando-se que apenas 12% dos casos são diagnosticados sem metástases. Devido a isso, apresenta prognóstico ruim, com taxa de sobrevida em 5 anos de aproximadamente 12%, gerando grande impacto na qualidade de vida. A idade média do diagnóstico do câncer de pâncreas é aos 70 anos. Todavia, um estudo populacional demonstrou uma tendência de aumento de incidência de câncer de pâncreas em pacientes mais jovens, principalmente no sexo feminino. Contudo, os dados relacionados a essa tendência são limitados.
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Dessa forma, foi conduzido um estudo a fim de melhor validar a tendência de aumento da incidência de câncer de pâncreas em mulheres mais jovens, através de banco de dados do Programa Nacional de Registros de Câncer do CDC (NPCR). Além disso, buscou melhorar a avaliação das características demográficas e do tipo de tumor nessa população mais jovem, assim como o impacto na mortalidade por câncer de pâncreas específica por sexo.
Métodos
Foi realizada uma análise de tendência temporal da incidência e de mortalidade por câncer de pâncreas através de banco de dados do NPCR e NCHS (principal agência de estatísticas de saúde nos EUA) no período entre 1º de janeiro de 2001 a 31 de dezembro de 2018.
O estudo fez análises específicas em adultos mais velhos (≥ 55 anos) e mais jovens (< 55 anos). Além disso, no grupo mais jovem, a incidência de câncer de pâncreas foi avaliada com base na demografia, características do tumor e mortalidade.
Resultados
Dentre os 454.611 pacientes diagnosticados com câncer de pâncreas no período, observou-se aumento significativo da taxa de incidência por idade em mulheres que apresentaram alteração percentual média anual de 1,27% e homens, de 1,14%, contudo sem diferença estatisticamente significativa entre os sexos (p = 0,37).
Ao avaliar especificamente os adultos mais jovens, que correspondem a 53.051 dos casos, sendo 42,9% mulheres, observou-se um aumento da taxa de incidência ajustada por idade nas mulheres que apresentaram alteração percentual média anual de 2,36% versus 0,62% em homens, com diferença de de 1,74% (p < 0,001).
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Em relação aos dados demográficos, análises posteriores mostraram que houve aumento da taxa de incidência anual em negros (2,23%; p < 0,001), tendo maior diferença entre sexo nessa população. Quanto às características do tumor, o principal subtipo histopatológico é o adenocarcinoma e a localização mais frequente é na cabeça do pâncreas.
A mortalidade permaneceu inalterada em mulheres, mas houve redução em homens (diferença de 0,54%; p= 0,001).
Mensagens práticas
O estudo em questão demonstrou uma tendência de aumento da incidência de câncer de pâncreas nos EUA, principalmente em mulheres mais jovens.
Isso já havia sido sugerido por estudo anterior, sendo reforçado nesse que apresenta maior impacto devido a maior amostra. Todavia, existem limitações nesse estudo que não permitiram a identificação dos fatores de risco modificáveis associados a esse aumento de incidência.
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