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Oncologia15 agosto 2025

Rucaparibe vs quimioterapia no câncer de ovário BRCA+ recidivado

ARIEL4 mostrou pior sobrevida global com rucaparibe vs quimioterapia (19,4 vs 25,4 meses; HR 1,3; p = 0,047) no câncer de ovário BRCA+.
Por Lethícia Prado

O estudo ARIEL4 avaliou o uso de rucaparibe quando comparado à quimioterapia padrão em pacientes com carcinoma ovariano recidivado e mutação em BRCA, trazendo ganho em sobrevida livre de progressão, seu end point  primário. Esta análise, publicada em fevereiro de 2025, traz os novos resultados em sobrevida global. 

A utilização de rucaparibe, inibidor de PARP, em monoterapia já havia sido provada eficaz nesse subgrupo de pacientes, com doença sensível a platina após duas a três linhas de quimioterapia e como tratamento de manutenção.  

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Quimioterapia

Métodos 

Trata-se de um estudo aberto, randomizado, multicêntrico, fase 3 que incluiu pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, carcinoma epitelial de ovário de alto grau, trompa de falópio ou peritoneal, com mutação deletéria em BRCA1/BRCA2, ECOG PS 0 ou 1 e intervalo de pelo menos 6 meses do tratamento inicial, além de tratamento prévio com duas ou mais linhas de quimioterapia incluindo pelo menos um esquema com platina.  

Foram consideradas não elegíveis pacientes com doença refratária a platina ou tratamento prévio com inibidor de PARP. 

As pacientes foram randomizadas na proporção 2:1 para receber rucaparibe na dose de 600mg, por via oral, duas vezes ao dia em ciclos de 28 dias ou quimioterapia padrão e estratificadas quanto ao intervalo livre de progressão após platina, sendo consideradas resistentes as que progrediram em menos de 6 meses e sensíveis aquelas em que a progressão ocorreu após 1 ano.  

No grupo controle, pacientes resistentes à platina foram tratadas com paclitaxel 60-80mg/m2 no D1, D8 e D15 em ciclos de 28 dias ou dublet de platina nas pacientes sensíveis. Foi permitido crossover. 

Essa publicação traz os dados de sobrevida global, tempo de progressão após a primeira linha subsequente e segurança, alguns dos end-points secundários.  

Resultados 

Foram incluídos 349 pacientes, sendo 51% destas resistentes à platina, 28% parcialmente resistentes e 21% sensíveis. Após progressão, 69% das pacientes no grupo controle migraram para o braço de rucaparibe, de tal forma que, no total, 90% das pacientes que participaram do estudo chegaram a receber rucaparibe em algum momento.  

Após follow up médiano foi de 41,2 meses, foi evidenciada sobrevida global mediana de 19,4 meses (95% CI 15·2–23·6) no grupo que recebeu rucaparibe versus 25,4 meses (21·4–27·6) naquele tratado com quimioterapia padrão (HR 1·3 [95% CI 1·0–1·7]; p=0·047). 

Entre os pacientes considerados resistentes à platina a sobrevida mediana foi de 14,2 meses no grupo de estudo e 22,2 meses no grupo controle (HR 1·5 [95% CI 1·1–2·2]; p=0·022). Naqueles sensíveis à platina, a sobrevida foi de 36,3 meses no grupo tratado com rucaparibe e 47,2 meses no braço de quimioterapia.  

Quanto aos efeitos adversos, estes foram reportados em 99% dos pacientes no grupo com rucaparibe e 96% no grupo de quimioterapia, prevalecendo anemia, náusea e astenia. Efeitos adversos graves foram mais comuns no grupo tratado com rucaparibe, afetando 28% dos pacientes quando comparado a 12% no grupo controle.  

Conclusão e mensagem prática 

Embora esse estudo tenha sido positivo para ganho em sobrevida livre de progressão nos pacientes com carcinoma ovariano recidivado e mutação em BRCA que utilizaram rucaparibe, a sobrevida global foi superior no grupo tratado com quimioterapia na população intention to treat. 

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Referências bibliográficas

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