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Oncologia6 setembro 2025

Radioterapia 2x ao dia no câncer de pulmão de pequenas células

Radioterapia duas vezes ao dia mostra superioridade no câncer de pulmão de pequenas células, mas enfrenta barreiras práticas e institucionais.
Por Lethícia Prado

O uso de radioterapia em associação a quimioterapia no tratamento de pacientes com câncer de pequenas células de pulmão em estágio limitado já é bem consolidado, com ganho em sobrevida global. 

Esse artigo editorial explora a utilização de esquemas de radioterapia com fracionamento em duas vezes ao dia.  

Veja mais: Radioterapia de emergência: quando indicar?

Evidências relevantes 

Essa estratégia teve origem com o estudo de Turrisi et al, em 1999, estabelecendo o regime de 45Gy em 30 frações de 1,5Gy duas vezes ao dia em três semanas consecutivas como padrão. O racional radiobiológico é que regimes mais curtos e intensivos seriam superiores aos esquemas convencionais uma vez ao dia, uma vez que nesses tumores há alto índice proliferativo e repopulação tumoral acelerada. 

Em 2017 e 2023, os estudos de fase III CONVERT e CALGB 30610/RTOG 0538 testaram regimes de dose única diária escalonada (66–70 Gy) versus o regime clássico de duas vezes ao dia, sem evidência de ganho em sobrevida global com o uso de doses mais altas administradas em maior tempo, e com toxicidade semelhante, o que reforçou que a duração total do tratamento e a dinâmica de repopulação celular são determinantes mais críticos do que apenas a dose total. 

O regime de radioterapia realizado duas vezes ao dia, mesmo com evidências de superioridade é ainda pouco implantado, com pesquisas sugerindo baixa adesão por percepção maior de toxicidade principalmente em pacientes idosos, barreias logísticas e restrições institucionais. 

Práticas internacionais 

Enquanto nos Estados Unidos, em média 15% dos pacientes vêm recebendo o tratamento fracionado, países como a Noruega incorporaram rapidamente esse regime após estudos nacionais demonstrarem sua segurança e possível benefício adicional, chegando a tratar cerca de 90% dos pacientes com essa estratégia já em 2018.  

Essa divergência pode ser em decorrência de diferenças socioculturais entre os dois países, diversidade de modelos de atenção (público x privado).  

Conclusão e mensagem prática 

O autor defende, nesse cenário, o papel de organizações como a ASTRO (American Society for Radiation Oncology) em formular recomendações oficiais e até diretrizes com implicações financeiras. 

O maior desafio atual para esse esquema de fracionamento, portanto, não é científico, mas prático e estrutural: superar barreiras logísticas, culturais e institucionais que limitam sua implementação em diversos países. 

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Referências bibliográficas

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