Caquexia oncológica é uma síndrome caracterizada por perda de pelo menos 5% do peso corporal, perda progressiva de massa muscular com ou sem perda de tecido adiposo, associada a inflamação sistêmica crônica (através de IL-1, IL-6, TNF-∂). Sua prevalência, em cânceres avançados pode variar de 60% a 85%. As principais características são: fadiga, perda progressiva de capacidade funcional, aumento do risco de toxicidade relacionada a quimioterapia, complicações pós-operatório, hospitalização, pior qualidade de vida e menor taxa de sobrevivência.
O manejo clínico dessa condição é complexo e a terapia nutricional tradicional não consegue reverter completamente, necessitando de uma abordagem multidisciplinar e multi- farmacológica, onde o tratamento inclui medicamentos para mitigar inflamação, desnutrição, fatiga, má qualidade de vida e desordens metabólicas e imunológicas. Por isso a importância de se ter uma ferramenta de triagem para o risco de caquexia em pacientes com câncer.
Metodologia
Esse estudo, publicado na revista Clinical Nutrition Open Science em Fevereiro de 2025, descreve a ferramenta criada para detectar caquexia oncológica em paciente ambulatórias tratados no AC Camargo (em São Paulo). O resultado foi considerado positivo para perda de peso superior a 5% ou se houvesse redução na ingestão alimentar ou sintomas de impacto nutricional + redução na atividade de autocuidado e/ou redução nas atividades da vida diária. Pacientes com risco de caquexia foram encaminhados a nutricionista para avaliação nutricional detalhada, aconselhamento dietético e terapia nutricional.
Resultados encontrados e discussão
Os dados foram coletados de 275 pacientes em atendimento ambulatorial. O diagnóstico mais prevalente foi câncer de mama (26,2%). A prevalência de câncer metastático na amostra total foi de 25,1%. O risco de caquexia foi identificado em 37,8% dos pacientes. Óbito em 30 dias ocorreu em 47,1% (41 de 87) dos pacientes atendidos no pronto-socorro e foi significativamente associada ao risco de caquexia (n = 39; 57,4%) (P < 0,001). Idade, sexo feminino e doença metastática foram associados ao risco de caquexia (P < 0,001, P = 0,014, P < 0,001, respectivamente).
Conclusão e mensagem prática
A caquexia oncológica é uma condição prevalente e subdiagnosticada que piora a qualidade de vida, aumenta a mortalidade e, frequentemente, exige ajuste no tratamento. O desenvolvimento de ferramentas fáceis de usar é crucial para facilitar a detecção precoce de pacientes em risco, a fim de aprimorar o planejamento terapêutico e a prestação de um atendimento multidisciplinar aprimorado durante a jornada de cuidado do paciente.
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