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Oncologia8 setembro 2025

Manejo de efeitos adversos do SG no câncer de mama triplo negativo metastático

Estudo teve por objetivo direcionar o oncologista no manejo dos eventos adversos do sacituzumab govitecan no câncer de mama triplo negativo metastático
Por Lethícia Prado

Este artigo buscou, através da técnica Delphi, revisar e discutir os efeitos adversos do sacituzumab govitecan (SG), anticorpo droga conjugado que direciona Trop-2 e libera SN-38 diretamente nas células neoplásicas. Essa técnica consiste em um método sistemático de obter opiniões de um painel de especialistas por meio de rodadas anônimas e interativas de questionários e feedback controlado, com o objetivo de chegar a um acordo sobre um tema complexo.  

Este trabalho visa direcionar o oncologista com foco no manejo dos eventos adversos (EAs) de SG em mTNBC na prática real, integrando evidências e experiência de especialistas quando as diretrizes formais ainda são escassas. 

Foram elaborados sete tópicos e 40 afirmações e convidados 51 participantes para opinar em duas rodadas, abrangendo temas como toxicidade hematopoiética, gastrointestinal, fadiga, hepatotoxicidade, atraso no tratamento e avaliação de polimorfismo em UGT1A1. 

Implicações práticas 

  • Toxicidade hematológica: recomendado exames laboratoriais de rotina antes de cada aplicação do tratamento. Em caso de neutropenia grau 4 com duração maior ou igual a 7 dias, neutropenia febril ou neutropenia graus 3 ou 4 que atrase o tratamento em 2 a 3 semanas até recuperação para grau 1, está indicado profilaxia com G-CSF. Profilaxia primária não teve consenso para uso rotineiro.  

Caso haja neutropenia febril apesar da profilaxia, considerar redução de dose. 

Na estratificação de risco em caso de neutropenia febril, fica recomendado o uso do escore MASCC para apoiar decisão de internação.  

  • Toxicidade gastrointestinal: recomendada profilaxia tripla desde o primeiro ciclo (5-HT3 + antagonista de NK1 + dexametasona por dois a três dias). Olanzapina foi vista como opção útil para náusea refratária/antecipatória, ponderando-se seus efeitos colaterais. 

Quanto à diarreia tardia, ficou recomendado o uso de loperamida, sem indicação de profilaxia primária com essa droga. 

Caso haja diarreia aguda/síndrome colinérgica, fica recomendado o uso de atropina, podendo-se manter profilaxia nas infusões subsequentes. 

  • Fadiga: recomendado exercício físico e abordagem cognitivo-comportamental quando escala numérica maior ou igual a 4. 
  • Ajustes de dose e atrasos no tratamento: a dose inicial plena é recomendada na maioria dos pacientes, com ressalvas quanto aos grupos mais frágeis. 
  • Farmacologia e UGT1A1: não foi recomendada a genotipagem de rotina, uma vez que o manejo de toxicidade independe do status de UGT1A1. Em caso de UGT1A1 28/28 não é mandatória a redução de dose inicial, mas recomenda-se maior vigilância e intervenção precoce.  
  • Em caso de Síndrome de Gilbert, SG pode ser considerado especialmente se bilirrubina total <3 mg/dL, com maior vigilância quando coexiste UGT1A1 28/28.  
  • Hipersensibilidade: em caso de reação severa, considerar nova exposição com corticoide e anti-histamínicos na pré medicação. 

Considerações e mensagem prática 

Esse painel tem como limitações o fato de ter sido feito por oncologistas exclusivamente italianos, a natureza do método, que não substitui evidências prospectivas e possíveis conflitos de interesse, uma vez que houve apoio da indústria durante o processo.  

Considerando que esse medicamento tem se consolidado como alternativa eficaz após múltiplas linhas, com benefícios de PFS e OS demonstrados em ASCENT e resultados consistentes em TROPiCS-02 (em HR+/HER2–), mas à custa de um perfil de toxicidade relevante, faz-se necessário esse documento como forma de orientação e direcionamento quanto aos principais efeitos adversos relatados, sendo eles principalmente neutropenia e diarreia. 

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Referências bibliográficas

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