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Oncologia4 abril 2023

Linfadenectomia axilar ou biópsia de linfonodo sentinela?

Análise avaliou a morbidade de membro superior de pacientes com câncer de mama submetidos à biópsia de linfonodo sentinela e linfadenectomia axilar.

Avanços progressivos na abordagem terapêutica têm possibilitado melhora da expectativa de vida de pacientes com câncer de mama, tornando mais comum a ocorrência de efeitos adversos a longo prazo desses tratamentos. Nesse contexto, consequências do tratamento da axila como linfedema, dor e redução de amplitude de movimento (RAM), têm se tornado recorrentes, impactando diretamente a performance e qualidade de vida do paciente. Por isso, tem-se ponderado sobre o potencial benefício de abordagens menos invasivas como biópsia de linfonodo sentinela (BLS) em detrimento de cirurgias como a linfadenectomia axilar (LA), visando principalmente a redução de morbidade associada ao tratamento.

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Linfadenectomia axilar ou biópsia de linfonodo sentinela

Novo estudo

Partindo desse pressuposto, recente meta-análise compilou 67 estudos entre 1990 e 2020 avaliando morbidade de membro superior de pacientes com câncer de mama submetidos à BLS e LA. Parâmetros avaliados foram presença de linfedema, redução de amplitude de movimento, força e função do membro superior, além de dor local. Os parâmetros foram analisados no período inferior a 12 meses, entre 12 e 24 meses e acima de 24 meses.

Resultados

Houve diferença estatisticamente significativa na incidência de linfedema nos grupos avaliados, tendo sido observado em 16,5% ; 24,6% e 23,6% após LA e em 7,5% ; 3,7% e 5,9% após BLS no período inferior a 12 meses , entre 12 e 24 meses e acima de 24 meses, respectivamente. Também observou-se que LA apresentou mais linfedema quando comparado à irradiação axilar (IA) isolada, tendo pacientes submetidos a essas terapias combinadas apresentado o maior risco de desenvolver linfedema (31,2% em 5 anos de follow-up).

Foram considerados preditores significativos de linfedema a realização de LA, quimioterapia, elevado índice de massa corpórea, diabetes mellitus, tumor palpável, ganho de peso superior a 10% do basal e IA. Outros fatores associados ao linfedema foram elevado número de linfonodos axilares metastáticos, mastectomia radical, idade avançada, presença de seroma e intervalo de tempo após o procedimento.

A incidência de dor após linfadenectomia axilar (LA) foi de 40% ; 38,5% e 32,9% nos períodos avaliados, respectivamente. Em contrapartida, após biópsia de linfonodo sentinela (BLS) a presença de dor ocorreu em 21,7% em todos os períodos avaliados, resultando em diferença estatisticamente significativa de 24,2% entre as abordagens.

A RAM foi observada em 29,8% e em 17,1% após LA e BLS, respectivamente. Também foi avaliada a capacidade de fletir o membro superior (RCF), tendo 27,2% e 20% dos pacientes submetidos à LA e BLS, respectivamente, apresentado redução dessa habilidade.

Também houve diferença significativa de redução de força entre os grupos (30,9% versus 15,2% em LA e BLS, respectivamente). Já em relação à redução de função do membro superior, a prevalência após qualquer tratamento para câncer de mama foi de 34,4%, sendo a realização de mastectomia radical e quimioterapia os principais preditores de risco para sua ocorrência.

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Conclusão

Em conclusão, o presente estudo ratificou o princípio de que tratamentos invasivos para axila como linfadenectomia axilar (LA) elevam significativamente a morbidade do membro superior (aumento de linfedema, dor, restrição de força e amplitude de movimento) quando comparados a abordagens minimamente invasivas como biópsia de linfonodo sentinela (BLS).

Mensagem prática

Na escolha da abordagem cirúrgica no tratamento axilar do câncer de mama deve-se ponderar a segurança oncológica assim como a morbidade da terapia. Com o atual advento de evidências que sustentam técnicas menos invasivas, tais opções podem ser promissoras em casos selecionados, melhorando sobretudo a qualidade de vida desse perfil de paciente.

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Referências bibliográficas

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