Os carcinomas cutâneos não melanoma, principalmente o carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma espinocelular (CEC), constituem parcela substancial dos achados na prática clínica, particularmente em um país de alta exposição solar como o Brasil. O CBC apresenta comportamento predominantemente indolente, com baixo potencial metastático, enquanto o CEC demonstra maior potencial de agressividade, especialmente em pacientes imunossuprimidos.
As diretrizes internacionais, incluindo NCCN, propõem estratificação de risco baseada em critérios clínicos, anatomotópicos e histológicos. Tumores de baixo risco geralmente são manejados com excisão cirúrgica convencional, curetagem associada à eletrocoagulação ou terapias tópicas em casos selecionados. Em tumores de alto risco, enfatiza-se a cirurgia micrográfica de Mohs, que permite controle preciso de margens, reduz taxas de recidiva e preserva tecido saudável, aspecto crucial em áreas nobres, como face e região periorbital.
A radioterapia adjuvante é indicada em presença de invasão perineural significativa, margens positivas não passíveis de ampliação ou recidivas múltiplas. Pacientes não candidatos à cirurgia também podem se beneficiar da radioterapia exclusiva.
Nos últimos anos, houve avanço expressivo das terapias sistêmicas. No CBC localmente avançado ou metastático, os inibidores da via Hedgehog, como Vismodegibe, demonstraram eficácia relevante, reduzindo volume tumoral e, em alguns casos, permitindo ressecção subsequente. Em CEC avançado, o anticorpo anti–PD-1 cemiplimabe transformou o padrão terapêutico, com taxas de resposta expressivas e duráveis, incluindo em pacientes idosos e com múltiplas comorbidades.
O reconhecimento de fatores de alto risco, como localização em orelha, lábio e couro cabeludo, tumores >2 cm, invasão perineural ou recidiva prévia, deve orientar condutas mais assertivas e encaminhamento precoce para equipes especializadas. Transplantados e pacientes sob imunossupressão prolongada merecem vigilância rigorosa, dada a maior agressividade do CEC nesses grupos.
Autoria

Lethícia Prado
Médica formada pela Universidade Federal do Ceará ⦁Residência em Clínica Médica pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado - RJ ⦁ Residência em Oncologia Clínica pelo INCA.
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