O câncer de próstata é uma alteração maligna que afeta glândulas produtoras de sêmen localizadas na próstata. Apresenta crescimento acelerado e alto poder de infiltração, levando à ocorrência de metástases em caso de diagnóstico tardio ou de progressão da doença localizada.
É considerado o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens e a quinta maior causa de morte por câncer para essa população de acordo com a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer, foram estimados 61.200 casos novos de câncer de próstata para o Brasil em 2016, correspondendo a um risco estimado de 61,82 casos novos a cada 100 mil homens.
O sucesso do manejo do câncer de próstata localizado depende de fatores incluindo o risco de progressão, riscos de mortalidade, função intestinal e preferências do paciente. O tratamento deve ser individualizado, considerando a idade do paciente, estadiamento, grau histológico, tamanho da próstata, comorbidades, expectativa de vida e recursos disponíveis. Para a doença localizada, as opções para o tratamento incluem cirurgia radical, radioterapia e observação vigilante.
Um estudo foi realizado para avaliar os danos comparativos dos tratamentos contemporâneos para o câncer de próstata localizado e comparou os resultados funcionais e eventos adversos associados à prostatectomia radical, radioterapia de feixe externo (EBRT) e vigilância ativa.
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Foram incluídos 2.550 homens, diagnosticados entre 2011-2012 com câncer de próstata localizado (cT1-2), com níveis de antígeno prostático específico inferiores a 50 ng/mL. A média de idade foi de 63,8 anos, 74% eram brancos e 55% apresentavam doença de risco intermediário ou alto. Os homens foram submetidos à prostatectomia radical (n=1.523; 59,7%), EBRT (n=598; 23,5%) e vigilância ativa (n=429; 16,8%). Os pacientes do grupo EBRT eram mais velhos (média de idade: 68,1 anos vs. 61,5 anos, p<0,001) e tinham pior função sexual basal (escore médio: 52,3 vs. 65,2, p<0,001) quando comparado aos pacientes do grupo de prostatectomia radical.
Após 3 anos, a pontuação média ajustada do domínio sexual diminuiu mais no grupo prostatectomia radical do que no grupo EBRT (diferença média: -11,9 pontos, intervalo de confiança [IC] 95%: -15,1 a -8,7). O declínio nos escores do domínio sexual entre EBRT e vigilância ativa não foi clinicamente significativo (-4,3 pontos; IC 95%: -9,2 a 0,7).
A prostatectomia radical foi associada a pior incontinência urinária quando comparado ao EBRT (-18,0 pontos; IC 95%: -20,5 a -15,4) e vigilância ativa (-12,7 pontos; IC 95%: -16,0 a -9,3), entretanto foi associada com melhores sintomas irritativos do trato urinário (5,2 pontos; IC 95%: 3,2 a 7,2) quando comparado à vigilância ativa.
Não foram observadas diferenças na qualidade de vida relacionada a saúde ou na sobrevida específica da doença.
Como conclusão, a prostatectomia radical foi associada a uma maior redução da função sexual do que a EBRT ou a vigilância ativa após 3 anos e foi associada a redução dos sintomas urinários irritativos do que a vigilância ativa. No entanto, não foram observadas diferenças significativas na função intestinal ou hormonal ou em outros domínios das medidas de qualidade de vida relacionadas a saúde. Esses resultados podem facilitar a orientação sobre os danos comparativos dos tratamentos contemporâneos para o câncer de próstata.
Referência:
- World Health Organization (WHO). GLOBOCAN 2012: Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence Wordwide in 2012 [Internet]. Available from: https://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_population.aspx
- Ministérios da Saúde (Brasil). Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Estimativa 2016. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 2015. 126 p.
- Barocas DA, Alvarez J, Resnick MJ, Koyama T, Hoffman KE, Tyson MD, et al. Association Between Radiation Therapy, Surgery, or Observation for Localized Prostate Cancer and Patient-Reported Outcomes After 3 Years. Jama. 2017;317(11):1126–40.
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