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Oncologia30 maio 2025

ASCO 2025: O que foi destaque no primeiro dia de congresso?

Uso de IA na interpretação de imuno-histoquímica, cuidados oncológicos em domicílio e terapias inovadoras foram alguns dos assuntos.
Por Jader Ricco

Teve início, nesta sexta-feira (30), o congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO). O cirurgião oncológico Jader Ricco, editor médico do Portal Afya, faz a cobertura do evento com exclusividade. Neste primeiro dia, foram abordados temas como uso da inteligência artificial no manejo do paciente oncológico, incorporação de novas drogas para terapia alvo, cuidados com o paciente oncológico e acompanhantes.

A seguir, alguns temas de destaque abordados no primeiro dia: 

 

Uso de software de assistência com inteligência artificial para treinamento de interpretação de imuno-histoquímica para HER2-baixo e HER2-ultrabaixo  

A identificação por imuno-histoquímica na expressão de HER2 em pacientes com câncer de mama e HER2 baixo ou ultrabaixo ainda permanece desafiadora. Um estudo multicêntrico apresentado neste primeiro dia avaliou o uso de inteligência artificial (IA) na melhora da detecção de HER2 nesses casos. Ao todo, 150 patologista de 10 países distintos avaliaram, cada um, 20 casos de câncer de mama com HER2 baixo ou ultrabaixo com auxílio da inteligência artificial.  

A concordância média entre os patologistas foi de 89,6% com uso de inteligência artificial e 76,3% sem IA. Para as categorias clínicas do HER2 (nulo, ultrabaixo, baixo, positivo), a precisão melhorou de 66,7% sem IA para 88,5% com IA.  Outro ponto importante foi a redução de 29,5% para 25,5% na classificação incorreta de casos HER2-ultrabaixo como HER2 nulo. 

Os dados deste estudo revelaram que o uso da inteligência artificial melhorou a identificação de HER2 em 13,3%. Além disso, os autores identificaram redução da classificação incorreta de casos de HER2 baixo e ultrabaixo como na categoria nulo. A precisão na identificação de HER2 em níveis quase indetectáveis tem um papel expressivo no tratamento do câncer de mama, uma vez que permite que mais pacientes tenham acesso a terapias direcionadas ao HER2. 

 

Intervenção de cuidados oncológicos de suporte em domicílio para pacientes com câncer em tratamento curativo. 

Foi apresentado um ensaio clínico que comparou cuidados em domicílio e habituais em unidades de saúde em pacientes com câncer de pâncreas, reto, esôfago, estômago, cabeça e pescoço e linfoma não Hodgkin. Todos os pacientes apresentavam proposta de tratamento curativo. Foram monitorados sinais e sintomas, avaliação física, manejo dos sintomas, comunicação com equipe de oncologia.

Os autores não identificaram diferença estatisticamente significativa em relação a necessidade de internação hospitalar ou atendimento em pronto-socorro entre os grupos de cuidados domiciliares e habituais (37,1% v 35,7%, p = 0,87). Além disso, os pacientes em cuidados domiciliares apresentaram resultados melhores em relação a melhora dos sintomas.

Esses resultados mostram que, embora os cuidados domiciliares não tenham mostrado diferença nas internações hospitalares, eles podem implicar em melhor controle álgico, o que tem representatividade significativa na vida dos pacientes. 

 

Encorafenibe + cetuximabe + mFOLFOX6 de primeira linha em câncer colorretal metastático com mutação BRAF V600E  

Um ensaio clínico multicêntrico avaliou a eficácia de uma nova combinação medicamentosa, encorafenibe + cetuximabe + Folfox (EC, EC+mFOLFOX6) como primeira linha no tratamento do câncer retal metastático com mutação BRAF V600E, denominada “Breakwater”. O estudo envolveu 637 pacientes randomizados em dois grupos: EC, EC+mFOLFOX6 e o grupo controle, com tratamento padrão (quimioterapia + bevacizumab). 

Dados apurados até 06/01/2025 revelara melhora clinicamente significativa e estatisticamente significativa na sobrevida livre de progressão do grupo encorafenibe + cetuximabe + Folfox,  em comparação com o grupo quimioterapia + bevacizumab , com mediana de 12,8 versus 7,1 meses (HR=0,53 – IC de 95% 0,407, 0,677; P<0,0001). Os resultados da nova combinação também foram superiores em relação à sobrevida global, com a sobrevida média de 30,3 versus 15,1 meses (HR=0,49 – IC de 95% 0,375, 0,632; P<0,0001). 

 

Visão ampla 

De forma geral, os estudos apresentados no primeiro dia trazem novas ideias e perspectivas no tratamento do câncer em diversas áreas, seja em relação aos cuidados à introdução de drogas e terapias inovadoras, com possibilidade de melhores desfechos. O uso da inteligência artificial demonstrou ser um aliado na melhora do diagnóstico e identificação de mutações e marcadores que possibilitam que mais pacientes possam ser tratados com terapias mais eficientes. 

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