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Oftalmologia13 maio 2025

SBG 2025 - Aplicações da microperimetria no glaucoma

Durante o SBG 2025, foram discutidos o papel, a aplicação, as nuances e a importância da microperimetria no seguimento de pacientes com glaucoma
Por Redação Afya

Durante o XXI Simpósio Internacional da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG 2025) que ocorreu nos dias 8 a 10 de maio de 2025, foi discutido o papel da microperimetria na avaliação de pacientes com glaucoma. 

O que é a microperimetria? 

A microperimetria é um exame que combina a campimetria visual com imagens retinianas. Ela possibilita testar diretamente a região de interesse ao combinar informações funcionais (campo visual) com dados estruturais (imagens retinianas).  Seu uso já vinha sendo explorado em doenças maculares, como a degeneração macular relacionada à idade, o edema macular diabético e as distrofias maculares. Contudo, sua aplicação tem se mostrado de grande valia no seguimento de pacientes com glaucoma.  

Aplicação da microperimetria no glaucoma 

A microperimetria permite aprofundar o estudo perimétrico em regiões específicas retinianas e isso é útil no glaucoma, pois, aproximadamente, 80% da progressão de um dano glaucomatoso costuma ocorrer próxima a uma região com dano prévio, ou seja, é mais provável ocorrer um aumento de um escotoma pré-existente do que surgir um escotoma novo. Dessa forma, é mais lógico testar de forma mais incisiva e direcionada regiões adjacentes a áreas que já apresentam alterações.  

Os campos visuais tradicionais como o Humphrey e o Octopus, na estratégia 24-2, testam 8 pontos entre 10º e 20º. Para um paciente que já apresenta um defeito temporal superior, pode ser insuficiente esse tipo de estratégia visto que a análise de progressão nessa região terá poucos pontos testados.  

É importante ressaltar que a célula ganglionar afetada pelo dano glaucomatoso está anatomicamente levemente deslocada em relação ao fotorreceptor correspondente. Isso é necessário considerar durante a transposição da imagem retiniana em relação a alteração perimétrica.  

Na microperimetria, m vez de olhar para uma cúpula, os estímulos são projetados na retina do paciente. Uma retinografia é realizada previamente e, durante o exame, ocorre o espelhamento dessa retinografia no fundo de olho do paciente em tempo real. Caso o paciente movimente-se durante o exame, ocorre uma correção da angulação para aprimorar a precisão do exame.  

Isso tende a ser substituído, atualmente, por tecnologias já existentes nos perímetros de realidade virtual que monitoram o olhar do paciente e, na medida em que o paciente muda a posição do olhar, o aparelho muda a angulação do estímulo. Isso é um grande avanço e vantagem em relação aos tradicionais campímetros (Ex: Humphrey). 

Leia também: SBG 2025 – Células-tronco para regeneração da malha trabecular

Limitações da microperimetria 

Uma das limitações da microperimetria é a impossibilidade de realizar um campo amplo. O microperímetro trabalha como se fosse um estímulo análogo à estratégia 10-2 do Humphrey. Ou seja, é possível avançar pouco além dos 20º centrais. Além disso, essa tecnologia ainda não realiza trend analysis (análise de tendência). Caso queira realizar algo do gênero, é necessário realizar avaliação ponto a ponto, exportar para uma planilha e fazer uma análise estatística à parte.  

Vantagens e desvantagens da microperimetria aplicada ao glaucoma 

Vantagens 

  • Permite o mapeamento de uma lesão específica; 
  • Confirma uma área alterada na Tomografia de Coerência Óptica;  
  • Aumenta a concentração de pontos em áreas fora da mácula;  
  • Compara a evolução de uma área de interesse.  

Desvantagens: 

  • Não há banco de dados normativos; 
  • Carece de um pacote estatístico para seguimento e acompanhamento; 
  • Uma vez que o aparelho está programado com um número determinado de pontos testados para um determinado paciente, não é possível reduzi-los posteriormente; 
  • Impossibilidade de realizar campos amplos. 

Mensagem prática 

A microperimetria é uma excelente ferramenta para o acompanhamento de pacientes com glaucoma visto que permite testar ativamente pontos que apresentam dano prévio, permite a correção ativa da fixação do olhar, faz uma avaliação precisa da correlação estrutural-anatômica e permite uma maior sensibilidade no mapeamento de defeitos perimétricos precoces. Com isso, sua aplicação tende a ganhar, progressivamente, mais espaço na propedêutica de glaucoma.    

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