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Oftalmologia5 maio 2019

Hipotensores oculares utilizados no tratamento do glaucoma

Confira nesse artigo tudo sobre os principais hipotensores oculares utilizados no tratamento atual da doença neurodegenerativa glaucoma.

Por Pedro Netto

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

O glaucoma é uma doença neurodegenerativa de origem multifatorial. De acordo com a OMS, esta afecção é a segunda causa de cegueira do mundo – superado apenas pela catarata – e a primeira de causa irreversível. Sua principal característica é o acometimento do nervo óptico associado a perda de campo visual correspondente. A pressão intra ocular (PIO) é o principal fator de risco, sendo, até o momento, o único fator possível de tratamento no manejo de pacientes glaucomatosos.

O entendimento das drogas disponíveis para o controle da PIO é de fundamental importância para o sucesso no tratamento, permitindo a escolha dos medicamentos caso a caso, de modo a maximizar benefícios e minimizar riscos e efeitos colaterais. Abaixo, apresentaremos os principais hipotensores oculares utilizados no tratamento atual do glaucoma:

Hipotensores oculares

Hipotensores oculares

Betabloqueadores

Diminuem a pressão intraocular pela redução da produção do humor aquoso. Para muitos oftalmologistas, é o medicamento de primeira linha para o tratamento do glaucoma. São medicações simpaticolíticas ou antagonistas adrenérgicos, atuando nos receptores β presentes no corpo ciliar que estimula o aumento da produção do humor aquoso. Esta característica é a principal responsável pelos seus efeitos colaterais. São incluídos nesta categoria: Timolol, metilpranolol, levobunolol, carteolol e betaxolol. Este último é uma classe específica que inibe de forma cardiosseletiva o receptor β1. De forma usual, são utilizados de 12/12h. Seus principais efeitos colaterais são: Bradicardia, hipotensão, broncoespasmo, alucinações, letargia, cefaleia, diarreia, dislipidemias, hiperemia ocular, olho seco. Portanto, é contra indicado em pacientes asmáticos, com DPOC, cardiopatas, portadores de bloqueio atrioventricular de 2º e 3º grau, bradicárdicos e em casos de choque cardiogênico. Uma característica marcante é que apresentam perda de efetividade ao longo do tempo, fenômeno denominado de TAQUIFILAXIA.

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Inibidores da anidrase carbônica

Diminuem a pressão intraocular pela redução do humor aquoso. O mecanismo principal é a diminuição da formação do bicarbonato no epitélio do corpo ciliar que participa da produção do humor aquoso. A acetozolamida é a única droga de apresentação oral, com dose máxima de 250mg 6/6h, sendo auxiliar em casos de síndrome do fechamento angular, glaucoma maligno, entre outras. Apresenta como efeitos colaterais: Miopia, acidose metabólica, depleção do potássio, parestesia, diarreia, náuseas, vômito, litíase renal, discrasias sanguíneas. Por esses efeitos colaterais sistêmicos, não deve ser utilizada de forma prolongada e é contra indicada em casos de: hipocalemia, acidose, obstrução pulmonar, alergia a sulfa, uso crônico de AAS, anemia falciforme, falência adrenal e hepática. As apresentações tópicas são Brinzolamida e Dorzolamida, normalmente utilizadas de 8/8h ou 12/12h se associada a outra classe. Apresentam efeitos colaterais de gosto metálico, conjuntivite e borramento visual.

Alfa-2-agonistas

Induzem a redução da pressão intraocular por diminuir a produção do humor aquoso através da inibição da adenilatociclase. As principais medicações desta classe são: Brimonidina e apraclonidina. Para tratamento crônico normalmente são utilizados de 12/12h. A Brimonidina possui efeito adicional hipotensor por aumentar a drenagem do humor aquoso via uveoescleral. Além disso, diferente das outras drogas da mesma classe, não apresenta perda do efeito a longo prazo (taquifilaxia). Os efeitos colaterais mais comuns são: fadiga, boca seca, conjuntivite folicular, retração palpebral, uveíte, miose, cefaleia, letargia, reações alérgicas. A apraclonidina é contraindicada em associação com inibidores da monoaminoxidase (MAO).

Análogos da prostaglandina

Reduzem a pressão intraocular por aumentar o fluxo de drenagem do humor aquoso via uveoescleral. Os principais agentes dessa classe são: Latanoprosta, Travoprosta e Bimatoprosta. A posologia é de dose única a noite. Os principais efeitos colaterais são: hiperemia ocular, edema macular cistoide, aumento dos cílios, aumento da pigmentação iriana e periocular e reabsorção parcial da gordura orbitária. A bimatoprosta é um análogo sintético da prostamida que, além de aumentar o fluxo via uveoescleral, age aumentando o fluxo via trabecular. Possui outra característica de grande importância que é o fato de não estimular os receptores prostanoides, portanto, não é mitogênico e não contrai o útero. Os análogos de prostaglandinas não são indicados em caso de inflamação e infecção ativa ocular.

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