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Oftalmologia13 junho 2024

Ceratocone: Por que a córnea de alguns pacientes evolui e de outros não? 

A primeira descrição abrangente do ceratocone foi fornecida por John Nottingham em 1854, quando descreveu uma condição chamada “córnea cônica”
Por Juliana Rosa

Desde a primeira descrição, a compreensão da doença evoluiu significativamente. O ceratocone tem sido classicamente descrito como um distúrbio bilateral, progressivo e não inflamatório da córnea, levando ao afinamento, protrusão e astigmatismo irregular da córnea, resultando em muitos casos em comprometimento da qualidade da visão. O início habitual da doença é na adolescência (podendo iniciar no escolar) e progredindo em geral até a terceira ou quarta década de vida.  

Ceratocone: Por que a córnea de alguns pacientes evolui e de outros não? 

Contextualização 

A relevância da biomecânica corneana e a importância de incluí-la na avaliação clínica das ectasias corneanas são cada vez mais reconhecidas. A conexão entre a ultraestrutura da córnea, as propriedades biomecânicas e a função óptica é exemplificada por uma condição como o ceratocone. A instabilidade biomecânica é vista como a base subjacente às alterações morfológicas secundárias na córnea. Acredita-se que o enfraquecimento biomecânico assimétrico conduz ao aumento e afinamento progressivo da córnea. O fortalecimento biomecânico é o princípio da reticulação do colágeno que demonstrou deter efetivamente a progressão do ceratocone. A biomecânica da córnea despertou, portanto, o interesse de pesquisadores e médicos e deu novos insights sobre a causa e o curso da doença.  

Leia também: Ceratocone é uma doença rara? 

Estudo  

Um artigo publicado esse ano na Current Eye Research é uma visão geral do extenso trabalho publicado, predominantemente nas últimas duas décadas, sobre o aspecto biomecânico do ceratocone. Foram revisados ​​artigos publicados sobre biomecânica corneana no contexto específico do ceratocone, com base em uma busca eletrônica utilizando PubMed, Elsevier e Science Direct. Os termos de pesquisa utilizados incluíram Biomecânica da córnea”, Propriedades mecânicas da córnea”, Ultraestrutura da córnea”, Colágeno da córnea” e Ceratocone. Foram excluídos artigos referentes a cirurgia refrativa, ceratoplastia, reticulação de colágeno ou anéis intraestromais. A busca eletrônica revelou mais de 500 artigos, dos quais 80 foram escolhidos.  

Conclusões  

A revisão conclui que o padrão estrutural e organizacional do estroma corneano determina suas propriedades mecânicas e é responsável pela manutenção da forma e função normais da córnea. Alterações na ultraestrutura são responsáveis ​​pela instabilidade biomecânica que leva à ectasia corneana. À medida que os métodos não invasivos para avaliar a biomecânica da córnea in vivo evoluem, nossa capacidade de diagnosticar ceratocone subclínico melhorará, permitindo a identificação de pacientes em risco de desenvolver ectasia e permitindo o tratamento precoce para interromper a progressão da doença. 

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Referências bibliográficas

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