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Oftalmologia16 junho 2025

As lágrimas artificiais são todas iguais?

Saiba como escolher a melhor para o seu paciente

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Aché de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

Síndrome do olho seco

A definição de olho seco foi estabelecida no Consenso internacional Dry Eye Workshop (DEWS) de 2007 como: “uma doença multifatorial da lágrima e da superfície ocular que resulta em sintomas de desconforto, distúrbio visual e instabilidade do filme lacrimal com dano potencial à superfície ocular. É acompanhada por um aumento da osmolaridade do filme lacrimal e inflamação da superfície ocular”.1

A síndrome do olho seco é complexa e sustentada por meio da criação de círculos viciosos.2 O filme lacrimal anormal ou insuficiente leva a um aumento da evaporação/ clerance da lágrima, que por sua vez aumenta a osmolaridade, promovendo irritação da superfície ocular e, como consequência, aumento da liberação de citocinas pró-inflamatórias.2 A inflamação crônica reduz a eficiência do sistema nervoso do segmento anterior do olho, levando a uma hiposecreção lacrimal. Além disso, causa lesões nas células epiteliais da conjuntiva e da córnea. Danos ao epitélio da córnea podem causar sintomas relacionados a doença do olho seco, como desconforto ocular, ressecamento, distúrbio visual e dor.3

Dados epidemiológicos confirmam que o olho seco afeta até 50% da população mundial.4 É umas das patologias oftalmológicas mais frequentes, acometendo até 4,3 milhões de pessoas acima de 65 anos nos Estados Unidos.5 A prevalência da síndrome está aumentando, devido ao uso generalizado de dispositivos eletrônicos, o envelhecimento da população, entre outros fatores, representando um desafio significativo para a saúde pública.4 O envelhecimento é um fator de risco importante para essa condição, já que a produção de lágrimas diminui com a idade, devido à involução progressiva das glândulas lacrimais e à diminuição da atividade nervosa que as regula.2

A prevalência da síndrome de olho seco é maior em mulheres com idade entre 40 e 60 anos.2 As alterações hormonais que ocorrem após a menopausa (desequilíbrio androgênio/estrogênio) levam a um estado pró-inflamatório que resulta em atrofia progressiva da porção secretora das glândulas lacrimais.2 Os mecanismos envolvidos em olho seco nas mulheres em climatério ainda não são completamente entendidos e mesmo as que utilizam combinações de estrogênio ou estrogênio-progesterona apresentam maior prevalência da síndrome.6

Olho seco relacionado a medicações

O Physician’s Desk Reference relata que 56% dos 100 principais medicamentos vendidos nos Estados Unidos podem causar secura ocular e 22% têm um efeito negativo comprovado na secreção lacrimal.2 Alguns medicamentos (hormônios, imunossupressores, descongestionantes, anti-histamínicos, diuréticos, antidepressivos, betabloqueadores, medicamentos para tratamento de doenças cardíacas e úlceras) podem inibir a produção de lágrimas eficientes.2

Wu et al, em estudo que avalia o risco de olho seco relacionado a medicamentos, demonstraram que a isotretinoína é o medicamento com o maior risco de olho seco.4Amplamente prescrita por dermatologistas para tratar acne grave,4 suas reações adversas relacionadas, incluindo ressecamento significativo da pele e da boca, são bem documentadas.4 A isotretinoína pode inibir significativamente a secreção de lipídios pelas glândulas meibomianas, essenciais para manter a estabilidade do filme lacrimal.4 Estudos anteriores relataram que a isotretinoína pode causar atrofia do ducto da glândula meibomiana, levando a sua disfunção e olho seco com deficiência de lipídios (olho seco evaporativo).4 Lamberg et al revisaram 41 estudos epidemiológicos sobre os efeitos colaterais oculares induzidos pela isotretinoína e descobriram que a incidência de doença do olho seco entre pacientes que tomam isotretinoína foi de 27%.7

O papel das lágrimas artificiais no tratamento do olho seco

A base do tratamento do olho seco são lubrificantes oculares. Além de proporcionar conforto aos pacientes e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida, os colírios lubrificantes ajudam a encerrar o círculo vicioso de desequilíbrio homeostático e inflamação da superfície ocular.2

Diversos colírios de substitutos lacrimais estão atualmente disponíveis no mercado, com uma grande variedade de ingredientes.8 Barabino et al realizaram uma classificação de substitutos lacrimais em três categorias, com base em seu grau de interação com o olho: agentes umectantes, substitutos lacrimais de ação múltipla e moduladores da superfície ocular.8,9

Os principais tipos de ingredientes usados na composição de substitutos lacrimais são agentes de aumento de viscosidade, eletrólitos, osmoprotetores, agentes oleosos, antioxidantes e conservantes.8

Os agentes de aumento de viscosidade representam os ingredientes mais frequentemente usados. Esses agentes provaram ser benéficos para pacientes com síndrome do olho seco ao aumentar a espessura do filme lacrimal e ao aumentar a retenção das lágrimas artificiais na superfície ocular.8 Além disso, esses compostos atuam como agentes de retenção de água que lhes permitem hidratar a superfície ocular, evitando a perda de água. Entre os agentes de aumento de viscosidade usados nas formulações das lágrimas artificiais, a carmelose sódica, um derivado de celulose de plantas, é a mais frequentemente utilizada.8 A carmelose sódica demonstrou ser benéfica para pacientes com síndrome do olho seco leve a moderada, melhorando a wettability (capacidade de uma superfície ser molhada por um líquido) da superfície da córnea e a integridade do filme lacrimal.8

Outros agentes usados para aumentar a viscosidade das lágrimas artificiais incluem hidroxipropilmetilcelulose, carbômero, ácido hialurônico, álcool polivinílico, povidona, dextrana e hidroxipropil-guar.8 Esses compostos têm a característica de serem mucoadesivos e mucomiméticos, ou seja, possuem uma estrutura ramificada parecida com a da mucina 1, uma substância produzida pelas células caliciformes que ajuda a proteger a superfície ocular.8

O hialuronato de sódio aumenta a estabilidade do filme lacrimal, aumentando também a viscosidade entre piscadas. Ensaios clínicos de tratamento de olho seco com hialuronato de sódio mostraram uma melhora no conforto ocular e nos parâmetros de testes oftalmológicos utilizados para o diagnóstico, como a coloração com rosa bengala e o tempo de ruptura do filme lacrimal.10 Portanto, é provável que os colírios de hialuronato de sódio ajudem a proteger a superfície ocular, promovam a cicatrização mais rápida de feridas e reduzam a inflamação da superfície ocular.10

O filme lacrimal é composto por eletrólitos excretados naturalmente, que mantém o equilíbrio osmótico da superfície ocular. Por esse motivo, agentes osmóticos como os eletrólitos (sódio, potássio, cloreto, magnésio e cálcio) são amplamente utilizados em substitutos lacrimais para reproduzir o perfil eletrolítico do filme lacrimal saudável.8 Os eletrólitos desempenham um papel importante na manutenção da osmolaridade saudável do filme lacrimal, fornecendo íons essenciais para a manutenção das células epiteliais da córnea e contrabalançando a hiperosmolaridade do filme lacrimal induzida pela síndrome do olho seco. A principal consequência da hiperosmolaridade do filme lacrimal induzida por síndrome do olho seco é a apoptose das células epiteliais da córnea e da conjuntiva.8

Sanchez et al demonstram que o ácido hialurônico como único ingrediente não é superior à carmelose, e os benefícios da carmelose mais eletrólitos podem ser medidos como uma redução em marcadores inflamatórios, presumivelmente devido à melhora da saúde geral do tecido da superfície ocular.2

Benefícios das lágrimas artificiais sem conservantes

Em teoria, o lubrificante ideal deve ser livre de conservantes, deve conter potássio, bicarbonato e outros eletrólitos, e ter um sistema polimérico para aumentar seu tempo de retenção. Propriedades físicas devem incluir um pH neutro a levemente alcalino. As principais variáveis na formulação de lubrificantes oculares dizem respeito a concentração e escolha de eletrólitos, osmolaridade e tipo de viscosidade/sistema polimérico, presença ou ausência de conservante e, se presente, tipo de conservante.3

Devido ao risco de contaminação de produtos multidoses, a maioria contém um conservante ou emprega algum mecanismo para minimizá-la. O avanço mais importante no tratamento do olho seco veio com a eliminação de conservantes, como o cloreto de benzalcônio.3

A toxicidade do cloreto de benzalcônio está relacionada à sua concentração, à frequência do uso, à gravidade da doença da superfície ocular e à quantidade de lágrima secretada pelo paciente. Nos casos de olho seco leve, o cloreto de benzalcônio geralmente é bem tolerado quando usado de 4 a 6 vezes ao dia ou menos. Em pacientes com olho seco moderado a grave, o potencial de toxicidade do cloreto de benzalcônio é alto, devido à diminuição da secreção e do clearance lacrimal. Alguns pacientes podem estar usando outros colírios (por exemplo, medicamentos para glaucoma) que contêm cloreto de benzalcônio, aumentando sua exposição aos efeitos tóxicos.3

A exposição ao cloreto de benzalcônio, mesmo a curto prazo, pode causar irritação e hiperemia ocular, resultando em inflamação da superfície ocular. Esse efeito está relacionado à sua capacidade de romper a camada lipídica do filme lacrimal, o que aumenta a evaporação e favorece o ressecamento ocular. Além disso, pode provocar toxicidade às células epiteliais da córnea, contribuindo para lesões inflamatórias e comprometimento do tecido. A longo prazo, o uso crônico desse conservante tem sido associado a alterações oculares mais graves, como inflamação subepitelial e ceratopatia pontilhada. Isso se deve à sua capacidade de penetrar nas camadas mais profundas da córnea, afetando estruturas como os nervos corneanos e as células endoteliais.11

O uso de lágrimas artificiais sem conservantes oferece vários benefícios, especialmente para pacientes com formas mais graves de olho seco. A eliminação do cloreto de benzalcônio reduz significativamente o risco de irritação ocular, hiperemia e inflamação da superfície ocular, problemas comuns em usuários de produtos com esse conservante. Além disso, as lágrimas sem conservantes reduzem o risco de dano às células epiteliais da córnea, contribuindo para a preservação da superfície ocular e minimizando o risco de lesões inflamatórias ou complicações graves, como ceratopatia pontilhada. O uso de lágrimas artificiais sem conservantes é uma opção mais segura e confortável, particularmente para pacientes que necessitam de tratamentos frequentes ou prolongados, promovendo a preservação da integridade ocular a longo prazo.11

Tecnologia dos frascos multidose sem conservantes

Os colírios sem conservantes são em geral formulados comercialmente em frascos multidose. As embalagens de uso único (colírios de dose única: flaconetes – uso diário com descarte diário) são consideradas padrão-ouro quando abordamos dispensação sem conservantes e sem patógenos, porém são mais caras para o fabricante produzir, mais caras para os pacientes comprarem e menos convenientes de usar do que lubrificantes oculares em frascos.3,12

Atualmente, novos designs de embalagens limitam o risco de migração microbiana para o conteúdo do colírio.13 São recipientes de alta segurança, baseados em um filtro, membrana ou válvula de liberação para um sistema de aplicação mecânico (como, por exemplo, os sistemas “Novelia”, “Abak” e “Aptar”), com tecnologia integrada e sem ar, que garante o fluxo unidirecional do conteúdo para proteger e manter a esterilidade a longo prazo do conteúdo dentro do frasco dos colírios, sem a necessidade de ter conservantes.13

Na prescrição de colírios sem conservantes, os médicos devem observar vários parâmetros, pois já foi comprovado que o design da embalagem afeta a adesão do paciente e a estabilidade do produto ao mesmo tempo.12

Os fabricantes são responsáveis por garantir a esterilidade e estabilidade dos produtos, porém não há evidências científicas suficientes que essas embalagens são vulneráveis à entrada de microrganismos ou contaminação dentro do tempo de uso indicado. No entanto, a maior quantidade de informações publicadas sobre a segurança e esterilidade desses frascos é em referência ao frasco multidose Novelia®.12 Esse é um dos motivos pelos quais o frasco multidose Novelia® Pureflow é a escolha de vários fabricantes para conter suas formulações de colírios sem conservantes. Ozulken K et al comprovaram a eficiência do seu frasco em evitar a contaminação bacteriana durante o período de estudo de 60 dias.13

Conclusão

Os colírios sem conservantes, em frascos multidoses, são atualmente considerados padrão-ouro no tratamento da síndrome do olho seco. As lágrimas artificiais melhoraram significativamente os sintomas, sugerindo melhores mecanismos de recuperação da inflamação e perda da homeostase da superfície ocular.

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Referências bibliográficas

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