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Segundo a Sociedade Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e pescoço, tontura é toda e qualquer sensação ilusória de movimento sem que haja o movimento real em relação à gravidade. Estima-se que 20% a 30% da população mundial apresentará algum tipo de tontura ao longo da vida, principalmente com o avançar da idade, sendo as mulheres mais acometidas do que os homens. Aproximadamente 7,4% das tonturas têm origem vestibular. Por esta razão é de grande importância saber diferenciar os quadros periféricos dos centrais.
Leia mais: Estou de plantão e recebo um paciente com tontura, e agora?
Uma anamnese objetiva e bem feita ajuda na definição de casos de origem labiríntica ou neurológica. Pontos importantes que devem ser ressaltados incluem: inicio dos sintomas, duração, fatores desencadeantes, sintomas associados, presença de doenças prévias.
O que avaliar no paciente com tontura?
O mnemônico HINTS irá ajudar a definir a conduta em relação ao paciente. Vamos à interpretação:
• HI ( Head impulse test) ou teste do impulso cefálico:
- Como é feito: solicita-se ao paciente que olhe no nariz do examinador. Faz-se um movimento rápido e horizontal da cabeça e observa-se a presença ou não de sacada compensatória, isto é, se o paciente conseguiu fixar seus olhos no examinador.
- Interpretação: se HI positivo , sinal de lesão vestibular para o lado da sacada compensatória
• Nistagmo: é definido como movimento ocular composto por uma fase lenta (vestibular) e uma fase rápida (formação reticular do tronco).
- Como é feito: solicita-se ao paciente que olhe fixamente na posição neutra e observa-se se há nistagmo. Essa manobra pode ser sensibilizada solicitando ao paciente que olhe para os lados, para cima e para baixo (nistagmos semi-espontâneo);
- Interpretação: a presença de nistagmo, na maioria das vezes sugere lesão periférica. Os nistagmos vestibulares são unidirecionais, aumentam na direção da componente rápida (Lei de Alexander).
• Test of skew:
- Como fazer: solicita-se ao paciente a manter os olhos abertos, na posição neutra e oclui-se os olhos alternadamente.
- Interpretação: nos casos periféricos, os olhos se mantêm na mesma posição, já nos casos centrais, pode-se ver o movimento ocular involuntário. A presença deste teste positivo está fortemente associada à presença de AVC de tronco.
O HINTS bem realizado associado à história clínica do paciente apresenta uma sensibilidade maior do que a ressonância magnética nas primeiras 24-48h do início dos sintomas.
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Referências:
- https://svn.bmj.com/content/svnbmj/early/2018/06/22/svn-2018-000160.full.pdf
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4593511/
- https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/363874
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24127701
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