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Neurologia8 abril 2022

Paciente com paralisia total se comunica usando um implante cerebral em novo estudo clínico

Um homem de 34 anos com esclerose lateral amiotrófica (ELA) conseguiu se comunicar novamente com a família utilizando um implante cerebral.

Por Úrsula Neves

Um homem de 34 anos com esclerose lateral amiotrófica (ELA) conseguiu se comunicar novamente com a família utilizando um implante cerebral, segundo um artigo publicado na revista Nature. O estudo está em andamento há mais de dois anos.

O paciente havia perdido a capacidade de mover até os olhos e era totalmente incapaz de se comunicar. Os cientistas colocaram dois conjuntos de 64 microeletrodos na superfície do córtex motor do paciente.

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Com o implante instalado, ele aprendeu a selecionar letras individuais, que eram faladas em voz alta pelo computador. Letra por letra, o voluntário formulou palavras e frases. Ele agradeceu a equipe médica, pediu comida e interagiu com a família. Uma das frases ditas foi “eu amo meu filho”.

De acordo com os especialistas, o implante não é solução para todos os pacientes com ELA ou outras doenças. Sendo assim, ainda é necessário mais pesquisas para que seja produzido em grande escala e possa ajudar outras pessoas.

Paciente com paralisia total se comunica usando um implante cerebral em novo estudo clínico

Mais sobre o estudo

O homem teve dois pequenos implantes com 64 agulhas em cada um para registrar sinais neurais, que foram inseridos cirurgicamente no córtex do cérebro responsável pelo movimento. Os fios são alimentados dos implantes a um conector que é preso ao crânio do paciente. Na parte externa, um amplificador é fixado ao conector, que digitaliza as informações e as envia para um computador.

Enquanto o paciente não consegue se mover, os implantes são capazes de ler seus sinais cerebrais e registrar seus impulsos para se mover. Esses sinais cerebrais são enviados ao computador em tempo real, que aprende a categorizar essas tentativas de movimento em uma resposta “sim” ou “não”. Isso permite que outros façam perguntas sim ou não ao paciente. Uma máquina de soletrar também pode ser usada para ler letras em voz alta para o paciente, que pode responder “sim” ou “não” a cada letra e soletrar palavras.

“Este estudo responde a uma pergunta antiga sobre se as pessoas com síndrome de aprisionamento completo – que perderam todo o controle muscular voluntário, incluindo o movimento dos olhos ou da boca – também perdem a capacidade do cérebro de gerar comandos para a comunicação”, disse o pesquisador. Jonas Zimmermann, neurocientista do Centro Wyss, em Genebra, e um dos autores do estudo.

O paciente foi diagnosticado com ELA em agosto de 2015. No final do mesmo ano, ele havia perdido a capacidade de andar ou falar e, em julho de 2016, o paciente precisava de um ventilador para respirar. Em agosto de 2016, começou a utilizar um dispositivo de rastreamento ocular para se comunicar, mas em agosto do ano seguinte, havia perdido a capacidade de fixar o olhar e não podia mais usar o dispositivo. A família acabou mudando para um sistema no qual apontavam para letras em um papel — qualquer movimento dos olhos significava “sim” e nenhum movimento significava “não”.

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A família do paciente procurou dois dos autores do estudo para tentar a possibilidade de abordagens alternativas de comunicação.

“Ele é casado e tem um filho pequeno. Seu maior desejo era poder se comunicar, conversar com seu filho enquanto ele crescia”, disse Zimmermann em um vídeo divulgado pelo Wyss Center sobre o estudo.

Sobre a ELA

A ELA, também conhecida como doença de Lou Gehrig, é uma condição neuromuscular progressiva que faz com que os pacientes percam a função motora.

Atualmente, atinge cerca de dois milhões de pessoas no mundo. No Brasil, são mais de 30 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde. Embora seja relativamente rara, o número de pessoas afetadas mundialmente por ELA está crescendo, com mais de 300 mil indivíduos estimados para viver com o problema até 2040.

Mais comum em mulheres jovens, a esclerose múltipla não tem cura. Mas existem diversos tratamentos e medicamentos que permitem que o paciente tenha uma vida normal. Para tanto, o diagnóstico precoce é fundamental.

Entre os fatores de risco da esclerose múltipla, existem alguns genéticos e que podem estar relacionados à causa da doença. Mas também há fatores de risco ambientais, como infecções virais (herpesvírus ou retrovírus); exposição ao sol insuficiente, o que leva a ter níveis baixos de vitamina D por tempo prolongado; exposição a solventes orgânicos; tabagismo e obesidade.

Os seus portadores podem apresentar muitos sintomas, porém os mais frequentes são alteração na marcha e fraqueza muscular.

Assista ao vídeo do estudo aqui.

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Referências bibliográficas

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