Muitos já conhecem a prestigiada campanha Choosing Wisely, sobre pontos selecionados de melhor prática médica. Mas, além dos cinco itens mais votados pela Academia Americana de Neurologia (AAN), vale a pena também conhecer os outros que ocuparam as 11 primeiras posições desta lista sobre como se deve lidar com um paciente neurológico:
1. Síncopes: não é necessário solicitar imagem das carótidas.
2. Cefaleias: não é preciso se realizar Eletroencefalograma (EEG).
3. Lombalgia não-radicular: não se deve indicar injeções de esteroides epidurais.
4. Cefaleias primárias (tensional / enxaquecas / cefaleia crônica diária): não fazer neuroimagem para cefaleias sabidamente primárias, quando estes pacientes vão ao pronto-socorro em episódios recorrentes.
5. Cefaleias primárias: não é necessário neuroimagem para o diagnóstico quando o quadro é típico.
6. Esclerose Múltipla: não prescrever interferons ou glatiramer para pacientes com formas progressivas de esclerose múltipla, sem surtos (estas medicações são indicadas para a forma remitente-recorrente).
7. Enxaquecas: não usar opioides ou butalbital, a não ser em casos muito específicos.
8. Lombalgia: não indicar cirurgias de artrodese lombar em casos não complicados.
9. Obstrução de carótidas: não recomendar endarterectomia para estenose carotídea assintomática, pois esta consideração só começa a ser vantajosa se a taxa complicação da equipe cirúrgica for menor do que 3%.
10. Estado pós-ictal (alteração mental após convulsão): em pacientes que já possuem epilepsia prévia, não é preciso fazer neuroimagem, exceto se este paciente não retornar ao seu basal.
11. Lombalgia sem sinais ou sintomas de radiculopatia: não solicitar Eletroneuromiografia (ENMG).
Como a própria AAN lembrou, o Choosing Wisely é muito voltado para a educação do paciente: este documento não serve parar proibir os médicos de tomar alguma conduta, mas sim vem dizer ao paciente que talvez algum exame ou tratamento pode ser fútil para o seu caso.
Muitas vezes, entretanto, sabemos que alguns casos são mais complexos que as generalizações; por isso, é sempre interessante discutir com um especialista de modo mais aprofundado quando o paciente possui particularidades que demandem maiores ponderações.
Referências:
- The American Academy of Neurology’s Top Five Choosing Wisely recommendations. Langer-Gould et al. Neurology, 2013. https://www.neurology.org/content/early/2013/02/20/WNL.0b013e31828aab14
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