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Neurologia11 agosto 2019

O mistério em torno da síndrome de Havana

Diplomatas dos EUA foram expostos a potenciais fenômenos direcionais não característicos em Cuba,entre 2016-2018.A doença foi chamada de Síndrome de Havana.

Por Úrsula Neves

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Um mistério ronda o núcleo diplomático de Havana, em Cuba, como explica estudos publicados no JAMA (Journal of the American Medical Association). Diplomatas do governo dos Estados Unidos foram expostos a potenciais fenômenos direcionais não característicos enquanto serviam em Havana, Cuba, do final de 2016 até maio de 2018.

Segundo relatos, eles começaram a experimentar um estranho conjunto de sintomas. Tudo começou abruptamente com uma “pressão no ouvido” e que, às vezes, estava associado a um ruído agudo.

Os indivíduos atendidos afirmaram que a experiência foi desorientadora; em alguns casos, dolorosa. As sequelas incluíram cefaleia, náuseas, problemas visuais, ataxia e perda auditiva. Alguns indivíduos ainda são sintomáticos.

Síndrome de Havana

A coloquialmente conhecida como “síndrome de Havana” ainda é um mistério para os médicos, mas que já começa a ser desvendada aos poucos.

Análises posteriores revelaram que o som agudo era, na verdade, uma espécie de críquete nativo de Cuba. Isso levou alguns médicos a sugerir que isso poderia ser uma doença psicogênica em massa – um produto do pensamento persistente da Guerra Fria em um ambiente extremamente estressante.

Depois disso, os Estados Unidos reduziram drasticamente o seu núcleo diplomático em Havana a partir de setembro de 2017.

Em março de 2018, o JAMA publicou um estudo  analisando dados de ressonância magnética de 21 indivíduos que desenvolveram a síndrome. Os resultados foram bastante inconclusivos, com algumas mudanças vistas nas redes cerebrais, mas sem grandes anormalidades estruturais.

O novo estudo do JAMA, publicado nesse ano, fornece imagens cerebrais mais detalhadas do que os pesquisadores fizeram antes, como veremos a seguir.

Metodologia e achados

Os pesquisadores identificaram 40 pacientes com síndrome de Havana e combinaram com 48 controles saudáveis. Todos os participantes foram submetidos a uma ressonância magnética estrutural tradicional, imagens de difusão e ressonância magnética funcional (fMRI). Diferenças estatisticamente significativas entre pacientes e controles foram observados em vários domínios.

Os pacientes apresentavam menos matéria branca no cérebro do que os controles, mas nenhuma diferença na massa cinzenta. Eles tinham maior massa branca nas fibras de projeção, mas menos nas fibras de associação. 

A fMRI revelou deficiências nas sub-redes auditiva e visual, mas não na sub-rede de funções executivas. No cerebelo houve uma menor difusividade média no vermis cerebelar e maior anisotropia fracionada. Ele foi especificamente examinado por causa da constelação de sintomas, que frequentemente incluíam tontura.

A primeira hipótese dos cientistas é um vírus ainda não identificado. Mas essa não é a única interpretação. O próximo passo será comparar as descobertas cerebrais antes e depois da passagem dos diplomáticos por Cuba. 

Um grupo de controle que poderá ser avaliado nos próximos estudos é o dos diplomatas americanos que estavam também em trabalho em Cuba na mesma época e que não foram afetados pela estranha e misteriosa síndrome.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

 

Referências:

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