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Neurologia12 agosto 2022

Há estimativa de risco para demência em pacientes que apresentaram delirium?

Um estudo estudou o risco de desenvolvimento de demência naqueles que apresentaram um episódio de delirium. Saiba mais.

Por Danielle Calil

Sabe-se que demência é um fator de risco para delirium assim como o delirium é um fator de risco para demência. Não é claro, contudo, como essa relação é estabelecida: se o delirium simplesmente é um marcador para vulnerabilidade cerebral ou se o impacto do delirium na demência tem relação com seu fator desencadeante ou se o próprio delirium pode gerar dano neuronal permanente. 

Nessa conjuntura, é importante destacar que se pode evitar delirium em 30% a 40% dos casos e, portanto, é um fator de risco modificável para demência. 

Já foram publicados estudos prévios que suportam a relação entre essas duas entidades. Entretanto, ainda persistia na literatura uma demanda para estudos mais amplos com follow-up mais longo para avaliar essa relação. A Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry publicou na edição de agosto desse ano um estudo de coorte retrospectiva ampla com 12.949 pacientes para estudar o risco de desenvolvimento de demência naqueles que apresentaram um episódio de delirium. 

delirium

Métodos 

Foi realizada um estudo de coorte retrospectiva com pacientes acima de 65 anos que foram diagnosticados com episódio index de delirium sem relatos de diagnóstico prévio de demência. Foram incluídos pacientes provenientes da base de dados do grupo da National Health Service (NHS) Greater Glasgow & Clyde (CG&C) entre 1996 e 2020. 

O desfecho primário estudado foi diagnóstico de demência. Como evento competitivo, óbito antes do diagnóstico de demência também foi observado. Foi utilizado nesse estudo a função de incidência cumulativa (CIF), que possibilita a estimativa na incidência de ocorrência de um evento (nesse caso, a demência) considerando o risco competitivo (óbito antes do diagnóstico de demência).  

Para desfechos secundários, também foi avaliado as variáveis de idade, de gênero e de privação socioeconômica no risco específico de demência através de uso de regressão de cox. 

Resultados 

Entre os 12.949 pacientes com episódio index de delirium com follow up médio de 741 dias, 3.530 apresentaram diagnóstico subsequente de demência e 5.788 (45%) morreram antes de um diagnóstico de demência. Além disso, o diagnóstico de demência foi realizado post-mortem em 643 (18%) pacientes. 

A incidência cumulativa estimada de demência – considerando o risco concorrente de óbito sem diagnóstico de demência – foi de 9% em seis meses, 13,6% em um ano, 31% em cinco anos, 35,5% em dez anos e 36,3% em 20 anos. 

Na análise de regressão de cox foi demonstrado um dado interessante: a presença de demência diagnosticada após o delirium possuía associação com maior privação socioeconômica, assim como idade avançada. Não foi observado relação com gênero.

Veja agora: Qual a importância da ressonância magnética no diagnóstico da demência? [vídeo]

Comentários finais 

  • Nesse estudo com uma ampla coorte, os resultados demonstraram que, após um episódio de delirium em indivíduos acima de 65 anos, há uma associação de risco com desenvolvimento subsequente de demência em torno de 31% em cinco anos.
  • Ainda são importantes pesquisas futuras para determinar se o reconhecimento e o tratamento precoce de delirium podem reduzir o risco subsequente de demência.
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