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Neurologia10 outubro 2025

Estimulação cerebral profunda para cefaleia em salvas: uma opção terapêutica?  

Revisão sistemática buscou resumir a literatura atual sobre a segurança e eficácia da estimulação cerebral profunda (ECP)
Por Jesus Ventura

A cefaleia em salvas é conhecida como uma das causas de piores crises de dor de cabeça entre as cefaleias. Incapacitante, mais comum em homens, pode cursar com crises paroxísticas de dor, que ocorrem várias vezes ao dia, durando de 15 min a 2h, com aspecto de pontada ou queimação, com agitação, inquietude e manifestações trigeminais. Sabe-se que há contribuição de vias de dor que incluem o nervo trigêmeo em sua gênese. Seu tratamento é um desafio, uma vez que os pacientes não respondem de forma satisfatória em parcela significativa dos casos.  

Dentre as terapias convencionais, estão o uso de triptanos, oxigenioterapia e profilaxia com verapamil. 

Recentemente, tem ganhado notoriedade o uso de técnicas de neuromodulação para tratamento de dor. Dentre elas, está a estimulação cerebral profunda (ECP), do inglês  Deep Brain Stimulation (DBS). Tal técnica consiste em implantação de eletrodos em alvos selecionados, onde é gerada uma corrente de estimulação elétrica. O estímulo de vias específicas gera a resposta terapêutica esperada. No caso da cefaleia em salvas o alvo estudado é o hipotálamo posterior.   

Sobre o estudo 

Esse artigo recentemente publicado é uma revisão sistemática que compila os dados referentes a cirurgia de ECP para tratamento de casos refratários de cefaleia em salvas. Após análises de exclusão, foram incluídos 15 artigos incluídos na análise final. Os estudos analisados foram coortes prospectivas, estudos observacionais, um ensaio clínico randomizado e relato de caso individual. Cabe ressaltar o pequeno número de pacientes (terapia ainda experimental para cefaleia, baixa prevalência desse tipo de dor).  

Dentre os resultados, os pacientes apresentavam redução em frequência, intensidade e duração das crises, incluindo melhora de crises noturnas e consequente melhora na qualidade do sono. Efeitos colaterais foram em sua maioria auto limitados e bem tolerados, como cefaleia transitória e diplopia transitória. No seguimento, havia resposta mantida a terapia, com melhora na qualidade de vida e no bem-estar.  

Os mecanismos aventados na boa resposta terapêutica incluem a neuromodulação de vias álgicas e modificação funcional nas redes relacionadas ao processamento da dor.   

Estimulação cerebral profunda para cefaleia em salvas: uma opção terapêutica?  

Imagem de DC Studio/freepik

Mensagem final: Estimulação cerebral profunda para cefaleia em salvas 

Apesar de ainda experimental, a ECP para cefaleia em salvas desponta como potencial arsenal terapêutico em casos refratários, onde a resposta clínica é frustra e a qualidade de vida e bem-estar do paciente se fazem comprometidos. Entretanto, são necessários mais estudos e mais dados para tornar essa prática robusta no meio da cefaliatria.

Autoria

Foto de Jesus Ventura

Jesus Ventura

Médico graduado pela AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga em 2017. Neurologista formado no HCUFMG de 2018 a 2021. Neurologista assistente do IPSEMG. Professor na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

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Referências bibliográficas

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