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Neurologia13 outubro 2018

Demência: por que prevenir é mais eficiente do que tratar?

A prevenção da demência é focada em intervenções para construir resiliência (isto é, reserva cognitiva) e estilos de vida mais saudáveis.

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A demência é uma doença cerebral incurável e progressiva, sendo a Doença de Alzheimer e a Demência Vascular as formas mais comuns. No mês de setembro tivemos o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência atualmente no mundo. O aparecimento da doença de Alzheimer é modulado pela genética em sua maior parte, ainda assim a prevalência vem diminuindo em países de alta renda indicando que existem fatores de risco modificáveis agindo.

Um relatório produzido no último ano pela primeira Comissão para Prevenção e Cuidados da Demência da Lancet contou com 24 especialistas internacionais para uma revisão sistemática das pesquisas já existentes dentro do tema em busca de coletar informações com base em evidências cientificas de onde poderiam extrair recomendações para o manejo no tratamento e na prevenção.

Leia mais: Tratar a hipertensão pode reduzir o risco de Alzheimer?

O que mais chama atenção neste estudo é a importância e atenção dadas aos aspectos de vida que precedem a terceira idade, momento quando a demência é mais diagnosticada. Uma das principais mensagens do documento é a de que, muito embora o diagnostico se dê na idade mais avançada, as mudanças cerebrais começam ocorrer anos antes, até mesmo décadas. A comissão teve nove fatores de risco identificados ao longo de diferentes fases da vida e que elevariam a probabilidade do desenvolvimento da demência em 35% dos casos. Segundo o relatório, o controle destes fatores de risco faria com que um a cada três casos pudessem ser evitados no mundo. Não apenas o Alzheimer como outras doenças degenerativas seriam beneficiadas pela observação destes fatores. Dada a complexibilidade das vias que levam à demência, esperam-se que as intervenções multimodais sejam as mais eficazes que as que visam um fator único, sendo os multimodais mais sinérgicos.

Na juventude se preocupar em aumentar o nível educacional; na vida adulta se dedicar a cuidar da hipertensão, da obesidade, do controle da diabetes funcionariam como fator de proteção assim como cuidados da perda de audição ocorrida os 45 e 65 anos para não impedirem de fazer parte de um ambiente cognitivamente rico de estímulos que aumentaria sua reserva cognitiva; a partir dos 65 anos, o estudo ressalta a importância do abandono do habito de fumar, de tratar possíveis depressões, melhorar o contato social e estabelecer a prática de atividades físicas regulares. Estímulos cognitivos são recomendados em qualquer fase da vida.

  1. Estabelecer um bom nível educacional; 8%
  2. Controlar a hipertensão; 2%
  3. Combater a obesidade; 1%
  4. Evitar a diabetes; 1%
  5. Cuidar da perda de audição; 9%
  6. Evitar o tabagismo; 5%
  7. Tratar a depressão; 4%
  8. Aumentar os exercícios físicos; 3%
  9. Aprimorar o contato social 2%

Neste último item a comissão ainda diz mais. O estudo examinou o efeito de intervenções não farmacológicas para pessoas com demência e chegaram à conclusão de que eles têm um importante papel no tratamento especialmente para controlar sintomas comuns de agitação e agressão. Apesar das drogas psicóticas serem frequentemente usadas para o controle destes fatores, um dos membros da comissão, Lon Schneider, professor de psiquiatria e ciências comportamentais da Universidade da Carolina do Sul revela uma preocupação considerável com o uso destas drogas porque elas aumentariam o risco de morte, de eventos cardiovasculares adversos, infecções e sem falar da sedação excessiva.

Em contraponto, as evidências indicaram que as intervenções psicológicas sociais e ambientais como a promoção do contato social e de atividades coletivas tiveram um resultado melhor que os medicamentos antipsicóticos para tratar os sintomas de agitação e agressividade associados à demência. Podendo as intervenções não farmacológicas irem além, pois o estudo indicou que a terapia de estímulos cognitivos confere benefícios à saúde mental dos pacientes, afirmou Schneider.

Temos ainda os fatores de alimentação e consumo de álcool que, apesar dos cientistas acreditarem que ambos sejam fatores importantes no combate à demência, não encontraram dados suficientes para inclui-los no relatório. De qualquer maneira vale a pena não se descuidar.

Por fim, a recomendação-chave da Comissão é “ser ambicioso em relação à prevenção” da demência, focando em intervenções para construir resiliência (isto é, reserva cognitiva ) e estilos de vida mais saudáveis.

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