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Neurologia26 maio 2022

Chikungunya pode causar comprometimento cognitivo em idosos, aponta estudo

Um estudo conseguiu demonstrar um declínio significativo dos processos cognitivos em idosos que foram infectados pelo vírus chikungunya.

Por Úrsula Neves

Pela primeira vez, um estudo conseguiu demonstrar um declínio significativo dos processos cognitivos em idosos que foram infectados pelo vírus chikungunya.

No artigo, publicado na revista Frontiers in Psychiatry, os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Psicobio/UFRN) utilizaram a avaliação neuropsicológica, procedimento técnico-científico padrão-ouro, para estabelecer o diagnóstico de quadros demenciais e/ou de declínio cognitivo e definir prognóstico.

“Já tínhamos a impressão resultante dos relatos subjetivos dos próprios pacientes de que havia algum impacto cognitivo. Precisávamos avaliar se essa percepção estava correta. Para nossa surpresa, não somente foi confirmado como demonstrado que envolvia não apenas a memória, mas outros processos cognitivos fundamentais como as funções executivas”, contou a professora e pesquisadora do Psicobio Katie Almondes, uma das autoras do artigo, em entrevista ao portal da UFRN.

A partir de queixas de pacientes, o grupo de cientistas recrutou, entre outubro e dezembro de 2019, idosos voluntários que foram acometidos pela chikungunya em Natal. Todos na faixa etária entre 60 e 90 anos e com mais de quatro anos de educação formal.

Já no grupo controle, no qual ninguém foi infectado pelo vírus, os pesquisadores fizeram um estudo transversal através de avaliações clínicas, neuropsicológicas e geriátricas. Uma dessas avaliações foi o teste cognitivo Montreal (MoCA), desenvolvido para detectar comprometimento cognitivo leve (CCL), avaliando algumas habilidades cognitivas como atenção, funções executivas, memória e linguagem, essenciais para a realização das atividades do cotidiano.

Ao longo da pesquisa, a infecção pelo vírus chikungunya foi associada a um aumento de 607,29% na chance de ter o desempenho no MoCA considerado prejudicado ou em declínio quando comparado ao grupo de controle.

“A significância estatística de tal associação foi confirmada pela robusta quantidade de evidências fornecidas pela amostra. Além disso, os dados mostraram que o risco de desempenho prejudicado no teste MoCA aumentou à medida que tínhamos participantes mais velhos. Ou seja, cada incremento de um ano na idade dos participantes foi associado ao aumento de 7,242% na chance de apresentar desempenho deficiente na avaliação”, explicou Katie Almondes.

Vale ressaltar que também participaram do estudo o infectologista Kleber Luz, do Instituto de Medicina Tropical (IMT/UFRN), a doutoranda do Psicobio e médica geriatra Vanessa Giffoni Peixoto, que é a primeira autora do artigo, além de Juliana Azevedo, do Departamento de Psicologia (Depsi/UFRN).

chikungunya

Casos de chikungunya voltam a preocupar autoridades e especialistas

O vírus chikungunya, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, voltou a ser foco de preocupação de autoridades sanitárias e especialistas com o aumento de casos em diversas cidades do país.

Em Fortaleza, sete bairros concentram 73,2% dos casos confirmados, conforme dados do Boletim Epidemiológico de Arboviroses da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgado no dia 11 de abril. Segundo o boletim, até o dia 9 de abril foram registrados 591 casos de chikungunya na cidade somente neste ano.

Dengue: Número de casos de janeiro a abril já supera o de 2021 inteiro

Ainda no Nordeste, o Maranhão registrou um aumento de 76,2% nos casos da doença no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba confirmou o primeiro óbito por chikungunya nesta segunda-feira (2/4). A jovem de 15 anos era portadora de lúpus. Outros três casos foram descartados e mais cinco estão em análise.

A cidade do Rio de Janeiro também está em situação de alerta para a infestação pelo mosquito, segundo o primeiro Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), realizado no município após a pandemia de Covid-19 e feito por amostragem pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) entre os dias 4 e 8 de abril.

A pesquisa constatou que o Índice de Infestação Predial (IPP) do Rio de Janeiro está em 1,1%, dentro da faixa de alerta, que vai de 1% até 3,9%. Entre as quase 250 áreas pesquisadas, seis estão com um índice superior a 3,9%, ou seja, em nível de risco.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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Referências bibliográficas

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