Neurologia10 maio 2019
Alzheimer e a relação com a bactéria Porphyromonas gingivalis
Um estudo recente identificou a bactéria que causa periodontite crônica, Porphyromonas gingivalis, no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer.
Um estudo recente identificou a bactéria que causa periodontite crônica, Porphyromonas gingivalis, no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer. Esse fato pode ajudar na busca das causas da doença, mas não deve ser considerado sem pesquisas maiores.
As periodontites são doenças inflamatórias dos tecidos que envolvem e sustentam os dentes.
Alzheimer e enzimas bacterianas
Nos testes, publicados no periódico Science Advances, foram encontradas também, no cérebro desses pacientes, enzimas neurotóxicas da bactéria, as gengivinas. Essas gengivinas exerciam efeitos prejudiciais à tau, proteína necessária para a função neuronal acontecer normalmente, até mesmo nos pacientes vivos. Apesar disso, não é possível dizer que a P. gingivalis causa da demência, já que vários fatores podem fazer com que pessoas que já são diagnosticadas com Alzheimer desenvolvam a bactéria, como má alimentação ou dificuldade em manter a saúde bucal. Leia mais: Avanços na detecção precoce do Alzheimer Por outro lado, a bactéria também foi encontrada no líquido espinhal desses pacientes, o que, se for realmente uma relação de causa, poderia ajudar a desenvolver um novo método diagnóstico para a demência. O estudo procurou usar essa descoberta também em algum possível tratamento. Em um primeiro teste em ratos, eles viram que aqueles que estavam com a bactéria, produziam mais uma proteína que se acumula no cérebro dos pacientes com Alzheimer: a beta-amiloide. Por isso, aplicaram nesses animais um medicamento que reduzia a atividade bacteriana. Como resultado, a droga conseguiu reduzir a neuroinflamação e resgatar neurônios do hipocampo.Take-home message
Ainda são necessários muitos outros estudos para entender se realmente a P. gingivalis está entre uma das causas do Alzheimer. Assim, será possível desenvolver esses novos métodos diagnósticos e terapêuticos a partir das descobertas sobre a bactéria e suas ações no cérebro humano. Apesar disso, é um avanço conseguir identificar uma relação com a doença de Alzheimer, que acomete cada vez mais pessoas. O estudo conseguiu identificar uma grande quantidade de enzimas bacterianas tóxicas nesses pacientes e, se for uma relação causal, drogas bloqueadoras dessas enzimas poderão estar no futuro tratamento da doença. Quer receber as principais novidades em Medicina? Inscreva-se aqui! Referências:- Stephen S. Dominy et al, Porphyromonas gingivalis in Alzheimer’s disease brains: Evidence for disease causation and treatment with small-molecule inhibitors, Science Advances, jan 2019.
Anúncio
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.