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O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de debilidade em adultos, e a segunda maior causa de morte em todo mundo. A importância do conhecimento quanto prognósticos desfavoráveis, incluindo a morte, é especialmente aumentada nos dias após o evento agudo. Impacta no manejo e decisões clínicas, como necessidade de prolongar monitorização, até a eventual escolha por retirada de terapias. Além disso, permitiria uma comunicação mais clara entre prestadores de assistência e familiares sobre o possível desfecho do paciente que sofreu o AVC.
Nasce então a ideia de desenvolver uma ferramenta que seja capaz de fornecer dados para esse manejo, a qual será brevemente descrita neste artigo. Os dados vieram da coletânea de informações nacional da rede de cuidados ao AVC da Áustria. O nome em inglês é Predicting Early Mortality from Ischemic Stroke (PREMISE) e conta com dados de mais de 70 mil pacientes. Uma das limitações deste banco de dados é que podem haver casos não incluídos na base de informações por omissão do diagnóstico inicial, por exemplo.
A ferramenta foi desenvolvida sob avaliação de neurologistas subespecialistas em AVC, com definições padronizadas de variáveis e escores. Foram utilizados dados de pacientes com 18 anos de idade ou mais, com registro final de AVC isquêmico agudo entre janeiro de 2006 e dezembro de 2017. Com o propósito de avaliar mortalidade na primeira semana, foram excluídos pacientes com permanência superior a este período para análise primária.
Quem foi avaliado para compor este escore?
– Idade mediana: 74 anos; 47% eram mulheres.
Quais exames foram feitos?
– Todos submetidos a realização de eletrocardiograma + exame de imagem na fase aguda (ressonância magnética ou tomografia computadorizada).
– Em 87% dos pacientes também se realizou estudo de imagem vascular (doppler, angiotomografia ou angioressonância).
Escore para predição de risco de mortalidade precoce no AVC isquêmico
| Fatores de Risco para Mortalidade Precoce na Unidade de AVC | Pontos | |
| Idade | ||
| 60-69 anos | +1 | |
| ≥70 anos | +2 | |
| Disfunção Pre-existente | ||
| Escala de Rankin modificada 1-5 | +1 | |
| Severidade do AVC | ||
| NIHSS 5-11 | +2 | |
| NIHSS 12-23 | +4 | |
| NIHSS ≥ 24 | +5 | |
| Doenças vasculares | ||
| Diabetes Mellitus | +1 | |
| Doença cardíaca (coronariana, insuficiência cardíaca, cardiomiopatia, ou doença valvar) | +1 | |
| Topografia do AVC | ||
| AVC de Circulação Posterior | +1 | |
| Causa do AVC | ||
| Não-lacunar | +1 | |
| Escore Total máximo possível | = 12 | |
O escore foi proposto de forma a utilizar apenas variáveis facilmente disponíveis em unidades de atendimento ao AVC na admissão do caso.
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A morte precoce é bastante improvável quando o Escore Total é de 0 a 3 pontos (<1%), porém aumenta para 35% quando esse valor é igual ou superior a 10 pontos. Portanto, o escore PREMISE se mostra um novo aliado para o neurologista, sendo confiável e atualizado para a estimativa dos riscos de mortalidade precoce do paciente com AVC isquêmico.
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Referências:
- Gattringer T, et al. Predicting Early Mortality of Acute Ischemic Stroke: Score-Based Approach. Stroke. 2019;50:00-00.
- Ganesh A, Lindsay P, Fang J, Kapral MK, Côté R, Joiner I, et al. Integrated systems of stroke care and reduction in 30-day mor- tality: a retrospective analysis. Neurology. 2016;86:898–904.
Autoria

Catarina De Marchi Assunção
Formada em Medicina pela Universidade Positivo em 2012 ⦁ Residência médica em Neurologia pelo Hospital da Cruz Vermelha Brasileira, filial do Paraná. ⦁ Atualmente trabalha como neurologista no Hospital Angelina Caron, onde também é preceptora da residência de Neurologia.
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