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Neurologia25 junho 2018

Atividade física e demência: qual tipo e quanto é o suficiente para obtermos melhorias cognitivas?

Um dos grandes desafios atualmente é promover medidas/hábitos para melhorar o panorama de envelhecimento cerebral/declínio cognitivo e demência.

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Estimativas indicam que em 2050 teremos mais de 2 bilhões de pessoas no mundo com mais de 60 anos. Um dos grandes desafios é promover medidas/hábitos para melhorar o panorama de envelhecimento cerebral/declínio cognitivo e demência. Mesmo hoje, sabemos que os tratamentos para demência têm efeitos aquém do desejado na melhora cognitiva. Uma das ferramentas mais eficazes que temos é atividade física, respaldada por dados de diversos estudos e meta-análises com efeitos benéficos na função cognitiva. Mas qual é a “dose” e qual tipo de atividade física para obtermos melhorias cognitivas?

Recentemente, a Neurology publicou uma meta-análise de 98 estudos para tentar responder a essa pergunta. Contando com cerca de 11.000 participantes (67% de mulheres) e com idade média de 73 anos. Cerca de 58% eram sedentários antes de entrarem nos respectivos estudos, 11,2% eram ativos e não houve informação sobre a prática para o restante. Cerca de 59% eram idosos saudáveis, 25% tinha déficit cognitivo leve e 14% tinham demência (todos fizeram um mini exame do estado mental). Desses 14%, cerca de ¼ tinha demência grave e o restante tinha de forma moderada.

O subtipo de exercício mais comum foi o aeróbico (43,6%), de aeróbico + resistência (27,4%) e apenas resistência (15,8%). A caminhada foi o principal exercício aeróbico reportado. A intensidade do exercício foi classificada quanto a porcentagem atingida da frequência cardíaca máxima pela idade.

Resultados

Curiosamente, o único dado que foi fielmente associado com a melhora cognitiva foi uma intervenção que levasse a prática de um total de 52 horas de exercício por 25 semanas. Ou seja, isso sugere que, diferentemente da melhora da saúde física, seria necessário que essa intervenção seja mantida por, pelo menos, 25 semanas e atingindo essa meta para se notar melhorias cognitivas. A “dose” média foi de 1 hora por dia 3x/semana por 25 semanas. A intensidade média foi de 60 a 80% da FC máxima pela idade (atividade moderada). As melhorias foram mais consistentes para velocidade de processamento, atenção, função executiva e cognição global. O efeito sobre a memória parece ter sido mínimo.

Discussão

Os dados dessa meta-análise sugerem que a partir de 52 horas totais de exercício físico em sessões de aproximadamente 1h são o mínimo para se obter melhorias cognitivas em idosos com ou sem demência. Importante ressaltar que 60% da amostra era sedentária. Esse número pode ser melhorado, uma vez que exercitar-se melhora também a saúde física dos idosos. Mais estudos são necessários para estabelecer melhor qual padrão de atividade física seria mais benéfico para a cognição.

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Referências:

  • Joyce Gomes-Osman, PT, PhD et al; Exercise for cognitive brain health in aging; Neurology: Clinical Practice June 2018 vol. 8 no. 3 1-9 doi: 10.1212/CPJ.0000000000000460
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