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Nefrologia1 setembro 2017

Uma nova esperança no tratamento da nefropatia diabética

Embora todo o avanço no tratamento do diabetes, observou-se um progresso apenas modesto no tratamento da nefropatia diabética.

Por Eduardo Moura

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

É inegável a evolução do tratamento do diabetes nos últimos anos. Se há 10 anos não tínhamos mais do que 2 ou 3 classes confiáveis para o tratamento da doença, hoje já contamos com amplo arsenal terapêutico, que já não se limita mais a biguanidas e sulfoniureias.

Embora todo esse avanço, observou-se um progresso apenas modesto no tratamento da nefropatia diabética. Sua prevalência manteve-se em torno de 26%, segundo estudo em população americana, a despeito de todos os esforços e do amplo uso de inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona no tratamento da proteinuria O, que revela um importante risco residual na progressão da doença renal diabética que permanece sem tratamento.

Resultados promissores do estudo LEADER (Liraglutide Effect and Action in Diabetes: Evaluation of Cardiovascular Outcome Results) revelaram um potencial benefício da liraglutida, agonista GLP-1, em pacientes diabéticos tipo 2 com alto risco cardiovascular. Embora os desfechos primários do estudo fossem cardiovasculares, desfechos renais também foram medidos.

O uso da liraglutida (em adição ao tratamento padrão, incluindo inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona), em comparação com placebo, demonstrou incidência 22% menor de desfechos conjuntos, sendo estes: macroalbuminúria persistente (> 300 mg/dia); aumento persistente do nível sérico de creatinina em duas vezes o valor basal; evolução para doença renal terminal e morte por doença renal.

Em um análise mais específica, este resultado deveu-se a queda na incidência de macroalbuminúria persistente. No entanto, não houve menor incidência de piora em duas vezes da creatinina basal e evolução para doença renal terminal, embora o uso da liraglutida tenha sido associado a uma menor perda na taxa de filtração glomerular, especialmente em pacientes com doença já estabelecida.

Os inibidores SGLT2 empagliflozina e canagliflozina já apresentaram, também em estudos recentes, alto potencial de proteção renal, estando associados a menor decréscimo na taxa de filtração glomerular e menor albuminuria.

É possível, portanto, concluir que, para pacientes com diabetes tipo 2 e nefropatia diabética, está bem indicado o uso de agonistas GLP-1 e/ou inibidores SGLT2 como adjuvantes no tratamento, visando melhor controle glicêmico e menor progressão da doença renal. Vale destacar, também, que os mesmos estudos aqui discutidos apontaram melhores desfechos cardiovasculares com estes medicamentos, o que também reforça esta indicação.

Leia também: Keypoints da nova diretriz da ADA para tratamento do diabetes’

Referências Bibliográficas:

  • Afkarian M, Zelnick LR, Hall YN, et al. Clinical manifestations of kidney disease among US adults with diabetes, 1988- 2014. JAMA, 2016.
  • Mann JFE, Orsted DD, Brown-Frandsen K, et al. Liraglutide and renal outcomes in type 2 diabetes. N Engl J Med 2017;377: 839-48.
  • Wanner C, Inzucchi SE, Lachin JM, et al. Empagliflozin and progression of kidney disease in type 2 diabetes. N Engl J Med 2016;375:323-34.
  • Neal B, Perkovic V, Mahaffey KW, et al. Canagliflozin and cardiovascular and renal events in type 2 diabetes. N Engl J Med 2017;377:644-57.
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