As doenças renais são comuns em todas as faixas etárias pediátricas. Quando a função renal está bastante comprometida, faz-se necessário o uso de um método que substitui o trabalho dos rins. Dessa forma, a diálise, processo que remove as substâncias nocivas do sangue, é uma das formas de tratamento. A falta de equipamento e insumos põe em xeque a vida de crianças com doença renal crônica.
Diálise peritoneal
Uma das modalidades de diálise é a peritoneal (DP), bastante difundida e muito utilizada em crianças, principalmente as de baixo peso. Esse modelo usa o peritônio, uma membrana porosa e semipermeável, que reveste os principais órgãos abdominais como filtro natural. Assim, a solução de diálise é infundida na cavidade peritoneal, permanece por um período determinado e é drenada através de um cateter. Essa solução entra em contato com o sangue, permitindo que substâncias acumuladas, como ureia, creatinina e potássio, sejam removidas, bem como o excesso de líquido que não está sendo eliminado pelos rins.
Uma das grandes vantagens da diálise peritoneal é o fato de poder ser realizada em domicílio, o que evita as locomoções até a unidade de diálise, trazendo mais conforto para o paciente e sua família, além de preservar os acessos vasculares e apresentar menos risco de perda da função renal residual desses pacientes.
Entretanto, a escassez de insumos e equipamentos essenciais para a realização da diálise está colocando em risco a vida de crianças que dependem desse tipo de tratamento. Por isso, em 18 de agosto de 2021, um manifesto assinado pelos presidentes da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados no Brasil (FENAPAR) e Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (ABRASRENAL), foi divulgado, abordando a crise enfrentada no setor.
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O manifesto
O documento foi enviado ao Ministério da Saúde solicitando apoio do Governo Federal para que a DP (única opção para os pacientes pediátricos renais crônicos em muitos casos), seja viabilizada e difundida em todos os locais, principalmente para aqueles que estão distantes de grandes centros. Nessa declaração, solicita-se que seja feita uma revisão urgente na tabela de remuneração quanto ao valor da sessão de hemodiálise e dos serviços de DP prestados por clínicas ao Sistema Único de Saúde (SUS), pois milhares de pacientes correm risco de ficar sem seus tratamentos, garantidos pela Constituição Federal.
Convido você a ler o texto completo do manifesto, que está disponível em: https://www.abcdt.org.br/wp-content/uploads/17-08-2021-Masnifesto-dialisevf1-1.pdf
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