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Nefrologia26 novembro 2024

Diálise peritoneal pode ser a melhor opção para nefrologista

A diálise peritoneal pode oferecer vantagens significativas em termos de sobrevivência e qualidade de vida, especialmente nos primeiros anos de terapia
Por Ester Ribeiro

Para nefrologistas atualizados, o início da terapia renal substitutiva (TRS) representa um momento crucial de diálogo com o paciente renal crônico. Apesar de o transplante renal ser amplamente desejado, nem sempre é a primeira opção viável. Ele exige um doador saudável e compatível ou um doador falecido, cuja disponibilidade pode ser limitada. 

Assim, para a maioria dos pacientes, as opções factíveis recaem entre a diálise peritoneal (DP) e a hemodiálise (HD). Cada modalidade apresenta vantagens e desvantagens, e a escolha deve ser baseada nas características clínicas e nas preferências individuais do paciente. 

diálise

Evidências Comparativas: DP versus HD 

Estudos recentes fornecem insights valiosos sobre os resultados de ambas as modalidades: 

  • Um estudo comparativo publicado no Journal of the American Society of Nephrology (JASN) revelou que a DP está associada a um risco de mortalidade 8% menor em pacientes com doença renal crônica terminal (DRCT). Esse benefício foi especialmente observado em pacientes com menos de 65 anos, sem doença cardiovascular e sem diabetes. 
  • Uma revisão sistemática e meta-análise publicada no Seminars in Dialysis destacou que, em casos de início urgente de TRS, a DP reduziu significativamente o risco de mortalidade por todas as causas em comparação à HD (RR: 0,61). Além disso, apresentou menor incidência de complicações mecânicas. 
  • Um estudo de coorte coreano mostrou que, nos primeiros 24 meses de terapia, a DP conferiu um risco 51% menor de morte em comparação à HD. Contudo, essa vantagem inicial tende a diminuir com o tempo. 

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Benefícios Logísticos e de Qualidade de Vida 

A DP oferece benefícios que vão além da sobrevivência, como: 

  • Maior flexibilidade na rotina do paciente; 
  • Melhor preservação da função renal residual; 
  • Menores restrições alimentares. 

No entanto, a DP não está isenta de riscos. A incidência de peritonite é maior, mas pode ser minimizada com treinamento adequado para pacientes e cuidadores. Por outro lado, a HD também apresenta riscos, como infecções relacionadas ao cateter em pacientes não elegíveis para a confecção de fístulas arteriovenosas. 

Realidade no Brasil 

Em nosso contexto, é essencial considerar fatores sociais e estruturais. Muitos pacientes enfrentam dificuldades para realizar os cuidados necessários da DP ou não têm apoio familiar adequado. Em outros casos, a falta de saneamento básico ou o tamanho limitado das residências inviabilizam essa modalidade. Nesse cenário, a assistência social e a enfermagem têm papel fundamental na avaliação e, quando necessário, na indicação de troca de modalidade. 

Conclusão 

A diálise peritoneal pode oferecer vantagens significativas em termos de sobrevivência e qualidade de vida, especialmente nos primeiros anos de terapia e em pacientes mais jovens e saudáveis. No entanto, a decisão entre DP e HD deve ser individualizada, levando em conta fatores clínicos, sociais e as preferências de estilo de vida do paciente. 

Autoria

Foto de Ester Ribeiro

Ester Ribeiro

Graduada em Medicina pela PUC  de Campinas. Médica Nefrologista pelo Hospital Santa Marcelina de Itaquera. Título em Nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.

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